Meta de desmatamento 'fortalece' Brasil em reunião da ONU

Especialistas dizem que plano brasileiro reforça liderança, mas fazem ressalvas.

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Por Eric Brücher Camara
Atualização:

O anúncio inédito de metas para desmatamento no Brasil - feito pelo governo no último dia 1º - reforçou a posição do país nas negociações sobre o clima em Poznan, na Polônia, segundo especialistas que participam da 14ª reunião das Nações Unidas sobre mudanças climáticas (COP 14). "Existe um certo ceticismo sobre algumas coisas. Os detalhes de como essas metas ambiciosas vão ser atingidas, ou seja, planos específicos para cada setor", afirmou Doug Boucher, da Union of Concerned Scientists (União dos Cientistas Preocupados). O diretor da Iniciativa para Clima e Florestas Tropicais, uma ONG americana que defende soluções científicas para questões globais, disse ainda que uma "liderança compartilhada" parece estar se desenhando em Poznan. Por um lado, o enfraquecimento da posição da União Européia (UE), por divisões internas sobre metas de emissão de gás carbônico, e o desinteresse demonstrado pelos Estados Unidos, teriam deixado um vácuo. Força em desenvolvimento Por outro, Boucher diz que os países em desenvolvimento tomaram a dianteira com iniciativas recentes de fixar metas como a África do Sul - muito dependente de usinas de carvão para gerar energia - e a Coréia do Sul. Com o anúncio brasileiro, a tendência ganha ainda mais força, segundo Boucher. "Isso representa o quarto maior emissor do planeta (dois terços das emissões brasileiras são produzidas por desmatamento) assumindo o compromisso de uma redução substantiva nos próximos dez anos." O plano também foi elogiado com ressalvas pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na sigla em inglês). "(A iniciativa) é bem-vinda, apesar dos revezes recentes em 2008. O Brasil, nos últimos anos, vem demonstrando uma determinação real em combater as causas do desmatamento", afirmou Stewart Maginnis, diretor do Programa de Conservação de Florestas da IUCN. 'Acordo mais próximo' O especialista, ex-diretor de florestas do WWF, disse ainda que o anúncio pode facilitar um acordo para redução de emissões após 2012. "Ao assumir uma meta antes do acordo final, que deve acontecer no ano que vem em Copenhague, o Brasil dá um sinal animador de que metas de desmatamento como parte de uma solução global para o clima são possíveis não apenas teoricamente, mas na prática", afirmou Maginnis. No entanto, Maginnis ressalva que seria "ingênuo supor que não existirão decepções e revezes no caminho, como já aconteceu neste ano". Nesta semana, desembarcam em Poznan ministros do meio ambiente de quase 200 países, além da aguardada equipe de congressistas que vai relatar o progresso das negociações ao futuro presidente americano, Barack Obama. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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