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Mancha de óleo se espalha e atinge praias de Caraguatatuba

Fato contraria informação repassada pela Transpetro/Petrobrás de que a situação estava 'controlada'

Por Reginaldo Pupo e O Estado de S. Paulo
Atualização:

SÃO SEBASTIÃO - As manchas de óleo provenientes de um vazamento em uma das redes do píer do Terminal Marítimo Almirante Barroso (Tebar), da Transpetro/Petrobrás na noite de sexta-feira, em São Sebastião, litoral norte de São Paulo, atingiu no final da tarde deste domingo, 7, as praias da Cocanha e Massaguaçu, em Caraguatatuba, distantes cerca de 35km da origem do acidente. O fato contraria informação repassada pela empresa de que a situação estava "controlada".

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Por volta das 17h30, barreiras de contenção estavam sendo levadas por caminhões para a cidade vizinha na tentativa de evitar que o óleo atinja outras praias. Segundo informação repassada na manhã pela Petrobrás, a mancha avistada durante todo o sábado havia sido removida horas depois, à noite. Ela estava a dois quilômetros da costa, nas proximidades da barra do Rio Juqueriquerê, no bairro Porto Novo, ao sul da cidade. A mancha, porém, avançou aquela região e chegou às praias do sentido norte, rumo a Ubatuba.

Dezenas de turistas aproveitaram o sol e ignoraram as praias poluídas atingidas pelo óleo. Muitas crianças foram vistas ontem tomando banho de mar na Praia das Cigarras, enquanto equipes ainda atuavam na limpeza do local. Também havia banhistas na Praia do Porto Grande e Pontal da Cruz. A maioria dos turistas declarou não saber que os locais estavam impróprios e não havia placas de sinalização indicando a poluição.

"Até vi toda a movimentação (das equipes) mas não imaginava que se tratava de um vazamento de óleo", disse Lígia Sebben Cardoso, 28. Ao saber pela reportagem, tirou sua filha de quatro anos do mar. O casal de namorados Paulo Sérgio Soares, 19, e Amanda Prado da Silveira, 19, tomava banho de mar na Praia das Cigarras, na tarde de ontem. Ambos também não sabiam da poluição. "Percebemos muita gente no canto (esquerdo) da praia, mas imaginávamos que seria algum tipo de treinamento". O produtor musical Arildo Simenotto, 39, ficou sabendo pela TV sobre o vazamento, mas não sabia exatamente quais praias foram atingidas. Escolheu justamente a Praia das Cigarras para um mergulho, a mais atingida. "Senti um cheiro de óleo, mas vi o mar limpo, por isso não mergulhei".

Alerta

Por meio de nota à imprensa, a prefeitura havia divulgado no sábado um alerta para que moradores e turistas não frequentassem as praias da região norte do município, que foi atingida pelas manchas de óleo. A recomendação é válida até a prefeitura realizar uma "análise mais criteriosa dos impactos". Segundo a nota, os banhistas devem evitar frequentar as praias do Porto Grande, Deserta, Pontal da Cruz, Arrastão, Portal da Olaria, São Francisco, Figueira, Cigarras e Enseada. O prefeito de São Sebastião, Ernane Bilotti Primazzi (PSC), não descartou ontem a possibilidade de instalar placas avisando sobre a poluição.

Das praias recomendadas pela prefeitura, a do Porto Grande, Deserta, Pontal da Cruz, Portal da Olaria e Cigarras foram diretamente atingidas pelas manchas de óleo e tiveram a areia impregnada pelo produto. Nas demais as manchas não chegaram a atingir a areia. Na noite de sábado, uma mancha chegou a atingir a região sul de Caraguatatuba, a dois quilômetros da costa, próximo à barra do Rio Juqueriquerê, no bairro Porto Novo.

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Vistoria

Os prefeitos de São Sebastião, Ernane Bilotti Primazzi (PSC); e de Ilhabela, Antonio Luiz Colucci (PPS), realizaram uma vistoria nos pontos atingidos durante esta manhã. Eles visitaram as instalações do Tebar e tiveram um encontro com o presidente da Transpetro, Sérgio Machado. A imprensa não foi autorizada a acompanhar a reunião.

Segundo Primazzi, que é presidente da Associação Brasileira dos Municípios Sede de Terminais Marítimos e Fluviais de Embarque e Desembarque de Petróleo e Gás Natural (Abramt), a prefeitura está aguardando avaliação da Secretaria Municipal do Meio Ambiente para definir quais sanções aplicar à Petrobrás. "As multas não irão restabelecer o impacto ambiental e os prejuízos que o município está tendo com a fuga de turistas das praias e do comércio", avaliou.

O prefeito de Ilhabela, Antonio Colucci, que é presidente da Associação Brasileira dos Municípios Sede de Terminais Marítimos e Fluviais de Embarque e Desembarque de Petróleo e Gás Natural (Amprogás), disse que o maior prejuízo causado pelo vazamento "não é reversível". "O meio ambiente foi afetado e isso não tem como reverter".

De acordo com a assessoria de imprensa da Transpetro, a previsão era quem as equipes encerrassem a limpeza das praias no final desta tarde.

 

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