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Mais da metade das espécies de árvores da Amazônia está ameaçada

Conclusão é de estudo internacional que envolveu mais de 150 cientistas de 21 países; para autores, áreas de proteção e territórios indígenas podem proteger espécies

Por Fabio de Castro
Atualização:

Mais da metade das espécies de árvores da Amazônia está sob ameaça em todo o planeta, de acordo com um novo estudo internacional. A pesquisa sugere, no entanto, que os parques nacionais, reservas e territórios indígenas podem proteger a maior parte das espécies ameaçadas, caso sejam gerenciados corretamente.

A descoberta foi anunciada nesta sexta-feira, 20, por uma equipe de pesquisa que envolve 158 cientistas de 21 países, sob a liderança de Hans der Steege, do Centro Naturalis de Biodiversidade, na Holanda, e por Nigel Pitman, do Museu Field, em Chicago, nos Estados Unidos.

Floresta ao longo do rio Jaú, no Parque Nacional do Jaú, uma das maiores áreas protegidas da Amazônia, com 2,27 milhões de hectares Foto: Hans der Steege

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No novo estudo, publicado na revista científica Science Advances, os pesquisadores compararam dados de inventários florestais em toda a Amazônia com mapas das estimativas de desmatamento atuais e projetadas. Com isso, eles avaliaram quantas especies de árvores foram perdidas e qual sua localização.

Os autores concluíram que de 36% a 57% das cerca de 15 mil espécies de árvores do bioma provavelmente estão classificadas como "globalmente ameaçadas", segundo os critérios do Livro Vermelho de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN).

"Não estamos dizendo que a situação na Amazônia piorou subitamente para as espécies de árvores. Só estamos oferecendo uma nova estimativa de como as espécies de árvores foram afetadas pelo desmatamento histórico e como elas serão afetadas com as futuras perdas florestais", afirmou Pitman.

Como as mesmas tendências observadas na Amazônia se aplicam a toda a região dos Trópicos, os cientistas afirmam que a maior parte das mais de 40 mil espécies de árvores tropicais do mundo provavelmente seriam classificadas também como "globalmente ameaçadas".

Felizmente, segundo os autores, as áreas protegidas e os territórios indígenas cobrem atualmente mais da metade da Bacia Amazônica e possuem uma população considerável das espécies de árvores mais ameaçadas.

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"Essa é uma boa notícia sobre Amazônia. Nas últimas décadas, os países amazônicos deram passos importantes para expandir os parques e fortalecer os direitos indígenas à terra. Nosso estudo mostra que isso traz grandes benefícios para a biodiversidade", declarou Steege.

Barragens e mineração. Entretanto, parques e reservas só serão capazes de impedir a extinção de espécies ameaçadas, segundo o artigo, se não sofrerem mais degradação. Os autores alertam que a floresta amazônica e as reservas ainda enfrentam ameaças graves como a construção de barragens, a mineração, as queimadas e as secas intensificadas pelo aquecimento global - além da invasão direta e criminosa das terras indígenas.

"É uma batalha que vamos ver ao longo de toda a nossa vida. Ou nós nos levantamos e protegemos esses importantes parques e reservas indígenas, ou o desmatamento vai erodi-los até que nós vejamos extinções em grande escala", disse outro dos autores do estudo, William Laurance, da Universidade James Cook, na Austrália. 

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