Lula nega que Brasil pretenderia 'vender' Amazônia

Em entrevistas a jornais europeus, presidente diz que aceita dialogar sobre projetos de conservação

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Por Ricardo Gozzi e da Agência Estado
Atualização:

Em Copenhague para a 15ª conferência climática patrocinada pela Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu entrevista por escrito a dois jornais nórdicos, o Politiken, da Dinamarca, e o Dagbladet, da Noruega, e rechaçou a versão de que o Brasil pretenderia "vender" a Amazônia.

 

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"O Brasil nunca 'vendeu' e nem pretende 'vender' a Amazônia, simplesmente porque ela nunca esteve à venda. Mas é claro que aceitamos dialogar com a comunidade internacional e cooperar com ela em projetos de conservação", comentou o presidente na entrevista, publicada nesta quinta-feira, 17, pelos dois periódicos e divulgada no Brasil pela Secretaria de Imprensa do Palácio do Planalto. "Mas não posso deixar de dizer que, independentemente dessa cooperação, a meu ver ainda muito tímida, o Brasil tem enfrentado com determinação, e sobretudo com recursos próprios, o desafio de conter o desmatamento e de promover o desenvolvimento sustentável na Amazônia. Além disso, também é pública nossa meta de redução do desmatamento da Amazônia em 80% até 2020, cujo resultado em termos de redução de emissões é superior ao que muitas potências do mundo desenvolvido estão oferecendo até o momento na COP-15", disse Lula.

 

E prosseguiu: "Posso garantir que, se estivéssemos à espera de o mundo pagar, o quadro do desmatamento hoje na Amazônia seria muito pior do que é."

 

O presidente brasileiro também defendeu a posição do País na conferência climática. "O Brasil assumiu essa posição (de reduzir entre 36,1% e 38,9% as emissões de gás carbônico) porque o combate ao aquecimento global exige compromissos sérios e concretos por parte de todos os países", declarou.

 

"Não podemos desperdiçar a oportunidade que Copenhague nos oferece, e por isso tenho insistido há muito tempo na necessidade da presença dos líderes mundiais na conferência. De nossa parte, quisemos dar uma contribuição clara para, assim, poder cobrar dos demais países medidas concretas para enfrentar o problema", enfatizou Lula.

 

O presidente brasileiro observou ainda que a matriz energética do País é, em sua maior parte, limpa e defendeu a exploração das reservas de petróleo na camada pré-sal. "Para se ter uma ideia, 85% da energia elétrica produzida no Brasil é limpa e renovável e 47% de todo o combustível que utilizamos é limpo e renovável", explicou.

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"A descoberta do petróleo do pré-sal não vai alterar o perfil energético do País. Vamos explorar esses recursos com critério e responsabilidade, até porque eles serão importantes para gerar recursos que serão usados para construir um futuro melhor para os brasileiros, principalmente os mais pobres. Não há desenvolvimento sem energia, e em matéria do uso racional da energia temos mais lições a dar que a receber."

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