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Livro propõe alternativas para melhorar design e impacto de estacionamentos

Obra de professor do MIT diz que, com 600 milhões de carros existentes no mundo, precisamos pensar em formas mais eficazes de guardá-los

Por Chris Summer
Atualização:

Com estimados 600 milhões de carros existentes no mundo, é necessária uma nova atitude em relação aos espaços para guardá-los, com estacionamentos mais agradáveis e de menor impacto ambiental, defende um livro recém-lançado por um professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Segundo Eran Ben-Josep, professor de arquitetura e planejamento no MIT, o número de carros em circulação está crescendo rapidamente, principalmente por causa da demanda de economias emergentes como China e Brasil - e a despeito de preocupações ambientais. Nos EUA, a área ocupada por carros estacionados equivale à superfície de Porto Rico (8,9 mil quilômetros quadrados), segundo estimativas conservadoras. Para Ben-Josep, essa área pode ser ainda maior, de 12,1 mil quilômetros quadrados, mais do que o território da Jamaica ou do Catar. Em seu livro, ReThinking a Lot ("Repensando o Espaço", em tradução livre), Ben-Joseph lembra que, em lugares como os EUA, muitos shoppings, cinemas e arenas esportivas têm ao lado um grande estacionamento que frequentemente passam boa parte do tempo com apenas metade da capacidade preenchida. São, na opinião do autor, "um mar de asfalto". Entre suas sugestões para melhorar os estacionamentos e seu impacto, ele sugere começar com projetos urbanísticos melhores, que tornem os locais um ícone de design e um motivo de orgulho em suas cidades. Um exemplo bem-sucedido disso é o premiado estacionamento do shopping center Bluewater, nos arredores de Londres. O autor do projeto, Eric Kuhne, diz que "não há desculpas para (quem constrói) estacionamentos opacos". "No Bluewater, há duas árvores para cada três carros, e escolhemos árvores que deem flores brancas na primavera e folhas brilhantes no outono. O estacionamento vira um mar de cores", afirma Kuhne. Uso de tecnologias A segunda sugestão de Ben-Joseph é adotar tecnologias que otimizem o uso do espaço. No livro, o professor reconta a história dos estacionamentos voltando ao início da história dos carros. Quando os primeiros automóveis foram inventados, no início do século 20, eles eram guardados próximos às calçadas, como cavalos e carroças. O primeiro estacionamento teria sido construído em 1917, em Los Angeles, por um jovem imigrante italiano chamado Andrew Pansini. No ano seguinte, o Hotel La Salle, em Chicago, construiu o primeiro estacionamento com vários andares. O primeiro estacionamento automático surgiu nos anos 1920, também nos Estados Unidos. Já os estacionamentos realmente automatizados começaram a fazer sucesso no Japão na década de 1970, especialmente em Tóquio, onde os moradores precisaram se adaptar à falta de espaço e precisaram maximizar o número de carros que poderiam ser estacionados em um lugar. Na Grã-Bretanha, o Cube, um complexo de apartamentos e escritórios aberto em Birmingham em 2010, instalou um sistema de estacionamento automatizado que permite que os carros "estacionem sozinhos". O sistema é caro - custou cerca de 2 milhões de libras (mais de R$ 6 milhões), mas cria espaço para que mais carros sejam estacionados. Outra companhia britânica foi mais longe. A Deteq inventou um sistema de sensores para estacionamentos, que permite que os operadores do local saibam quantas vagas estão disponíveis e quais as horas do dia são mais movimentadas - algo que visa diminuir o tempo em que o motorista fica procurando um espaço no estacionamento. Impacto Ben-Joseph também propõe reduzir o impacto ambiental dos estacionamentos. Sabe-se há anos que o fato de o asfalto absorver os raios do Sol contribui para a criação de "ilhas urbanas de calor", fenômeno que faz com que a temperatura nas cidades seja mais alta do que em áreas rurais. Um projeto em Tempe, no Estado americano do Arizona, tenta aproveitar essa energia. O chamado projeto Lot 59 cobriu com painéis solares gigantes o estacionamento do estádio esportivo da Universidade Estadual do Arizona. Eles podem produzir 2,2 megawatts de energia elétrica por ano, o bastante para abastecer 550 casas. E cientistas no Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, na Califórnia, estão desenvolvendo um asfalto refletivo para diminuir o calor absorvido. Outro projeto em desenvolvimento, relatado na revista especializada Boston Business Journal, visa criar energia ao esquentar água que passaria por canos embaixo de estacionamentos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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