Governo vai combater desmate provocado pela pecuária no PA

'Programa Boi Guardião' vai monitorar fazendas de gado e verificar se houve retirada da mata nas propriedades

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Foto do author Célia Froufe
Por Célia Froufe (Broadcast) e da Agência Estado
Atualização:

O Ministério da Agricultura e o Estado do Pará lançaram nesta quarta-feira, 9, em Marabá, o "Programa Boi Guardião", que tem como finalidade conter o avanço do desmatamento no bioma amazônico em função da pecuária. O programa vai monitorar, por satélite, fazendas de gado e verificar se houve retirada da mata em quantidade superior a 1 hectare em propriedades que têm atividade pecuária. Participam do evento o ministro Reinhold Stephanes e a governadora do Estado, Ana Júlia Carepa (PT).

 

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Além de Marabá, o projeto piloto iniciado agora envolve seis municípios paraenses: Eldorado do Carajás, Água Azul do Norte, Ourilândia do Norte, Tucumã e São Félix do Xingu. Nestas cidades, são criadas aproximadamente quatro milhões de cabeças de gado. De acordo com o Ministério da Agricultura, mais de 15 mil fazendas foram georreferenciadas, o que significa que passaram a ser localizadas por meio de um sistema de coordenadas geográficas. Essas propriedades serão monitoradas por técnicos do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará).

 

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O programa "Programa Boi Guardião" chega em um momento em que o desmatamento é assunto de destaque em todo o mundo por conta da Conferência Internacional da Organização das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, que começou na segunda-feira, em Copenhague (Dinamarca). Além disso, o Boi Guardião terá início em um Estado que já foi alvo de "boicote" de redes de varejo por conta de denúncias feitas pelo Ministério Público a respeito da origem da carne, que estaria sendo produzida em área desmatada. O Pará, de acordo com o Ministério, possui um rebanho de mais de 18 milhões de cabeças, o que o torna o maior produtor de gado do Norte e o quinto maior do País.

 

GTA Eletrônica

 

O programa condiciona a emissão da Guia de Trânsito Animal Eletrônica (GTA) à atividade pecuária realizada sem desmatamento. A GTA, uma espécie de passaporte do gado, é um documento com informações a respeito da sanidade do rebanho. Ele é obrigatório para o transporte de animais entre propriedades, municípios e Estados, para frigoríficos ou mesmo para exportação do animal vivo.

 

De acordo com Stephanes, o programa será totalmente implantando em um ano e meio. Até o final de 2010, além do rebanho de todo o Estado do Pará, o de Rondônia e o situado no bioma amazônico de Mato Grosso serão 100% monitorados. Para iniciar o projeto, o Ministério, a Adepará e a Federação de Agricultura do Estado do Pará (Faepa) investiram quase R$ 1 milhão na compra de equipamentos de informática, trabalho de campo, implantação de pontos de internet para o monitoramento por satélite e no georreferenciamento das propriedades.

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O sistema de monitoramento foi implantado pelo Inmet e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O programa conta ainda com a parceria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e dos frigoríficos Bentin, Frigoc e JBS.

 

Na segunda fase do programa, que começa em junho do próximo ano, serão monitorados mais 38 municípios da região Centro-Sul do Pará que, juntamente com os seis primeiros, fazem parte de área livre de febre aftosa com vacinação no Estado. Nesta etapa também está previsto o início da inclusão de Rondônia e das áreas localizadas no bioma amazônico de Mato Grosso. Na terceira fase, em dezembro de 2010, todo o território paraense estará coberto pelo programa, com a inclusão de 32 municípios paraenses do Baixo Amazonas e da região de Marajó e será finalizada a inserção das fazendas dos outros dois estados.

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