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Florestas protegidas que governo quer reduzir sofrem com alta do desmate

Levantamento mostra que, entre 2011 e 2015, houve aumento do desmatamento nos municípios de Apuí, Manicoré, Novo Aripuanã, Maués e Borba, no Amazonas

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Por André Borges
Atualização:
Vista aérea do Rio Madeira na região de Manicoré Foto: Antônio Milena|Agência Estado

BRASÍLIA - A região das cinco florestas protegidas que o governo pretende reduzir em quase 1 milhão de hectares já tem sofrido com o aumento desenfreado do desmatamento nos últimos anos. A pedido do Estado, o Ibama fez um levantamento sobre a situação da devastação em municípios do Amazonas nos quais estão localizadas as cinco unidades de conservação que são alvos do projeto de lei analisado pelo governo. 

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O levantamento mostra que, entre 2011 e 2015, houve um aumento agressivo do desmatamento nos municípios amazonenses de Apuí, Manicoré, Novo Aripuanã, Maués e Borba, em uma média bem acima daquela verificada nos demais 47 municípios do Estado. 

Entre 2011 e 2015, apontam os dados coletados pelo Ibama junto ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), houve crescimento do desmatamento nos cinco municípios, com uma pequena queda registrada apenas em 2014.

A área devastada nos municípios foi de 149 quilômetros quadrados em 2011, saltando para 166 km² no ano seguinte e chegando a 190 km² em 2013. Em 2014, esse volume caiu para 151 km², mas voltou a subir drasticamente em 2015, chegando a 248 km² de área devastada. Para se ter uma ideia do que isso representa, o desmatamento somado de todos os demais 47 municípios do Amazonas em 2015 chegou a 449 km², ou seja, mais da metade de toda a devastação no Estado do Amazonas ocorreu justamente nos cinco municípios onde estão localizadas as unidades de conservação.

Pelo projeto de lei que está nas mãos do governo, as florestas protegidas localizadas nos cinco municípios teriam suas áreas reduzidas de 2,697 milhões de hectares para 1,772 milhão de hectares, um corte de 35% em relação ao território atual. O desmatamento já é intenso nessa área porque se trata da região Sul do Amazonas, na fronteira com os Estados do Mato Grosso e Rondônia, uma regiãodominada por ações de grilagem de terra, retirada ilegal de madeira e avanço do agronegócio.

Apesar da gravidade do tema, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, tem discutido o projeto de lei com a bancada de parlamentares do Amazonas e ruralistas, sem a participação do Ministério do Meio Ambiente, conforme apontou reportagem publicada na terça-feira, 7 pelo Estado. A informação foi confirmada pelo próprio ministro José Sarney Filho, por meio de nota.

As cinco unidades de conservação, que hoje formam um cinturão verde de proteção às áreas mais sensíveis da Amazônia, foram oficialmente criadas pela ex-presidente Dilma Rousseff no último dia de seu mandato, em 11 de maio do ano passado. 

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Veja abaixo o impacto do projeto de lei em casa floresta protegida:

Área de Proteção Ambiental dos Campos de Manicoré Tamanho atual: 151 mil hectares Tamanho proposto: Extinção

Reserva Biológica do Manicoré Tamanho atual: 359 mil hectares Tamanho proposto: 246 mil hectares

Parque Nacional do Acari Tamanho atual: 896 mil hectares Tamanho proposto: 656 mil hectares

Floresta Nacional do Aripuanã Tamanho atual: 751 mil hectares Tamanho proposto: 321 mil hectares

Floresta Nacional de Urupadi Tamanho atual: 538 mil hectares Tamanho proposto: 396 mil hectares

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