O governo federal incluirá o Exército e a Polícia Rodoviária Federal na terceira fase da Operação Arco de Fogo, que começa este mês e se estenderá até setembro, período mais propício ao desmatamento ilegal da Amazônia, em razão do fim da estação das chuvas. O reforço da operação, desencadeada desde março, foi acertado pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, com o diretor-geral da Polícia Federal, delegado Luiz Fernando Corrêa. "Vamos radicalizar para alcançar melhores resultados", disse o ministro em entrevista, ao final da reunião. Veja Também:Minc define medidas para aprofundar Operação Arco de FogoIncra cancela títulos de terra de empresário sueco na AmazôniaÉ quase impossível impor regras na Amazônia, diz 'Economist'Ações diárias que salvam o planeta Acompanhe a trajetória do desmatamento na Amazônia; abril teve mais desmate Leia a edição online da Revista da Amazônia Fórum: é possível salvar a floresta amazônica? O Exército dará apoio logístico no deslocamento de equipes, na apreensão e transporte de madeira apreendida. A Polícia Rodoviária ajudará no bloqueio terrestre dos entroncamentos e no controle das principais vias de circulação de madeira extraída ilegalmente da floresta. O cerco começa imediatamente e envolverá ações de repressão ao transporte de madeira ilegal por terra e rios. As ações terão suporte de helicópteros e aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) no monitoramento aéreo. Na próxima quarta-feira, 11, Minc definirá com os ministro da Justiça, Tarso Genro e da Defesa, Nelson Jobim, os detalhes e a logística da participação da PRF e do Exército nas ações, incluído aí o efetivo a ser empregado, caminhões, viaturas e equipamentos próprios para emprego em região de selva, além dos recursos necessários. A PF, que já tem 300 homens atuando em caráter permanente na operação, deverá deslocar entre 500 e 700 mais, incluindo peritos para reforçar a produção de provas contra criminosos ambientais. Até agora, a PF prendeu mais de 170 pessoas em quatro operações realizadas desde fevereiro, incluindo a Arco de Fogo, de repressão a crimes ambientais e corrupção em órgãos públicos - estaduais e federais - que deveriam proteger a floresta mas acabam favorecendo as quadrilhas. "Vamos intensificar as prisões, mas com a preocupação de produzir provas robustas e inquestionáveis", disse o delegado Corrêa. Minc disse que, nessa fase, o governo vai propor em prática com rigor o decreto 6321, editado pelo presidente Lula no início do ano, que suspende a venda de produtos, como gado, soja e madeira, obtidos em áreas desmatadas ou ocupadas irregularmente. O decreto também permite cancelamento de registro de produtores e agrega as várias instância fiscais e repressivas do estado no combate às quadrilhas. "Não vai haver colher de chá para criminosos ambientais", avisou o ministro. No próximo dia 17, será assinado um pacto chamado de moratória da soja com os representantes industriais do setor. O pacto prevê compromisso de a indústria de óleo não usar matéria prima procedente de áreas desmatadas ilegalmente na Amazônia. Minc quer que o mesmo acordo seja estendido ao setor frigorífico. Com isso, além do plano de repressão à criação clandestina de gado, apelidado de operação "boi pirata", que prevê até o confisco de animais, o governo quer também compromisso da matadouros, frigoríficos e indústria de processamento de carne, para que não se compre nem se abata animais procedentes de fazendas irregulares. "Vamos separar os estabelecimentos legais dos ilegais, que serão fechados e tratados com todo o peso da lei. Não se deve comprar soja nem gado de quem desmata ilegalmente", avisou Minc. Ele quer também intensificar a cooperação dos estados da Amazônia no programa global de combate ao desmatamento, a exemplo da parceria firmada com o governo do Pará. O acordo permitirá, como ocorreu no Pará, que os produtos apreendidos sejam leiloados e parte dos recursos seja usada no financiamento dos elevados custos das operações, como a Arco de Fogo. "Essa conta tem que ser paga por quem comete o crime ambiental" defendeu. Em quatro operações, desde fevereiro, a PF embargou 359 áreas ocupadas ilegalmente na Amazônia, com 63 mil hectares. Até agora, foram aplicadas multas no valor de R$ 361 milhões. Foram apreendidos nessas ações 79,3 mil metros cúbicos de madeira em tora, além de 26,7 mil metros cúbicos de madeira em serrarias.