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Europa chega a acordo para combater mudança climática

O acordo histórico poromete reduzir a emissão de dióxido de carbono em 20 por cento até 2020

Por PETE HARRISON AND INGRID MELANDER
Atualização:

A Europa assegurou nesta sexta-feira o acordo mais amplo já feito para combater o aquecimento global, após o acerto de uma compensações a países do leste europeu que sofrerão com mudanças no setor de energia, altamente poluente. O acordo histórico, que reduzirá a emissão de dióxido de carbono em 20 por cento até 2020, foi costurado mesmo com a crise econômica atual. O pacto concede, no entanto, uma série de exceções à indústria, ocasionando crítica de grupos ambientalistas. "Essa política da União Européia é um barco sem capitão, com uma tripulação em motim e um monte de buracos no casco", disse Sanjeev Kumar, do grupo WWF. Mas o presidente francês, Nicolas Sarkozy, que ocupa a presidência rotativa da União Européia, rejeitou esse ponto de vista, dizendo: "É histórico". "Você não encontrará outro continente nesse mundo que tenha adotado para si mesmo tantas regras como nós acabamos de fazer", acrescentou. O acordo foi concluído após um ano de disputas entre os países do leste e do oeste europeu sobre os custos de sua implantação. Os nove países do leste europeu eram vistos como o último obstáculo para a aprovação de um pacote de medidas que visa a combater a mudança climática, mas que elevará os custos na parcela do setor de energia movida a carvão. Esses países receberão duas injeções de recursos. O dinheiro terá origem em cerca de 12 por cento das receitas do programa de negociação de emissões da UE, que vende à indústria alvarás para poluir. A verba é dividida em partes como uma recompensa pela forte queda nas emissões que os países do leste europeu proporcionaram com o fim do comunismo e o colapso do setor industrial. O setor de energia desses países também ficará parcialmente isento de pagar pelos alvarás de emissão. A isenção cairá gradualmente: em 2013, eles terão que pagar por 30 por cento de suas emissões, chegando a 100 por cento em 2020. A Hungria lutou até o fim por mais dinheiro, ao mesmo tempo em que a Itália tentou proteger os setores de vidro, cerâmica, papel e ferro fundido. No final, a Itália deixou de lado a ameaça de bloquear o tratado. "Não posso vetar nada na questão climática, porque eu não posso me colocar no papel de vilão. A esquerda usaria isso como arma política", disse o premiê italiano, Silvio Berlusconi. As medidas foram definidas para reduzir o risco de problemas à indústria européia, mantendo sua capacidade de competir com a concorrência de outros lugares com menos regulação. As maiores ameaças pairam sobre os setores de aço, cimento e químicos. (Reportagem adicional de Paolo Biondi e Julien Toyer)

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