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Edilson Paiva, da Embrapa, irá presidir CTNBio por dois anos

Paiva, que na última gestão estava na vice-presidência do colegiado, foi o mais votado na lsita tríplice

Por Ligia Formenti e da Agência Estado
Atualização:

O pesquisador da Embrapa Edilson Paiva é o novo presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Vice-presidente na última gestão, o pesquisador integra o grupo majoritário do colegiado, conhecido pela postura mais receptiva aos transgênicos.

 

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Pouco depois de ser comunicado da vitória, ele disse estar convicto de que a posição contrária da Embrapa à comercialização de arroz transgênico do País é fruto de um mal entendido e defendeu uma revisão do assunto pela empresa, da qual também é pesquisador.

 

 “Com certeza não são todos da instituição que acham isso. Seria interessante uma revisão desse assunto, para verificar se o veto é fruto de riscos biológicos ou econômicos”, afirmou.

 

No ano passado, durante uma audiência pública que reuniu agricultores, empresários e cientistas, representantes da Embrapa foram contrários à liberação do arroz. Depois do encontro, o assunto não foi mais discutido pela CTNBio. Paiva afirma que o tema deverá agora ser retomado, com o convite de dois especialistas para falar sobre o assunto ao pesquisadores. “Não houve tempo no ano passado. Mas vamos fazer tudo com muita calma, não há pressa”, afirmou.

 

Além do arroz transgênico, Paiva deverá enfrentar outro assunto polêmico, a revisão de uma resolução da CTNBio, de 2008, sobre o monitoramento de transgênicos liberados no mercado. A proposta, feita ano passado, foi retirada da pauta de votação depois da repercussão negativa que desencadeou.

 

Mesmo com uma recomendação do Ministério Público Federal, feita semana passada, para que as regras atuais sejam mantidas, o novo presidente avalia que o assunto precisa ser melhor discutido.

 

“Há pontos controversos, mas o ideal é que a resolução seja melhor detalhada. Não há como se fazer monitoramento de tudo”, defendeu.

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A escolha de Paiva feita pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, a partir de uma lista tríplice, montada horas antes por integrantes do colegiado. Paiva havia sido o primeiro colocado na disputa, com 18 votos.  Aluízio Borém, o segundo colocado, com 14 votos, foi escolhido por Rezende para ocupar a vice-presidência.

 

O novo presidente assume um colegiado claramente dividido: um grupo majoritário, formado por cientistas alinhados com a aprovação de transgênicos e uma ala verde, que reúne 8 dos 27 integrantes da comissão. O placar desta quarta-feira reflete a tendência. Além de Paiva e Borém, o professor da Universidade Federal de Alagoas, Antonio Euzébio Goulart Santana recebeu 12 indicações para ocupar a presidência do colegiado.

 

O único candidato da ala verde, o pesquisador da Esalq, Paulo Kageyama, recebeu 2 votos.

Paiva deve presidir sua primeira reunião plenária já nesta quinta-feira. O pesquisador é considerado mais inflexível nas negociações que seu antecessor, Walter Colli. “Ele é mais duro, o diálogo será mais difícil”, afirmou um de seus colegas de colegiado.

 

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Kageyama, candidato derrotado, avalia que a diferença tão grande entre os dois blocos pode esvaziar o colegiado. “Não há discussão de ideias, algo marcante na academia. O que mais se ouve nas plenárias é a frase “vamos votar” em vez de “vamos discutir. E isso deverá continuar assim.”

 

Borém, logo depois da confirmação de seu nome para a vice-presidência, afirmou que o espaço para diálogo deverá ser mantido. Para ele, o maior desafio da gestão é mostrar para sociedade o quanto os processos de análise da CTNBio são seguros. “Não é apenas fazer a liberação. Vamos fazer chegar ao público que os processos são analisados individualmente, depois de análise seguindo rígidos critérios científicos. Os produtos até agora aprovados são seguros. Caso contrário, problemas já teriam sido relatados.”

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