PUBLICIDADE

Divisão sobre meta de emissões ameaça credibilidade da UE

Para Anthony Hall, bloco precisa se unir até reunião da ONU sobre o tema na Polônia, em dezembro

Por Eric Brücher Camara
Atualização:

A credibilidade da União Européia está em jogo por causa dos recentes desentendimentos acerca da política para cortes de emissões de carbono, na opinião do acadêmico Anthony Hall, da London School of Economics (LSE). Às vésperas da reunião das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, em Poznam, na Polônia, ministros de Meio Ambiente do bloco europeu se reúnem nesta segunda-feira em Luxemburgo para tentar aparar as arestas que vieram à tona com a crise econômica. "Realmente, acho que está em jogo a própria credibilidade da UE futuramente, porque ela precisa ter uma posição firme até dezembro", afirmou o acadêmico no programa Panorama BBC, da BBC Brasil. Na semana passada, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, afirmou ao fim da reunião de cúpula da União Européia que o bloco se mantém "firme" na resolução de cortar as emissões de carbono em 20% dos níveis de 1990 até o ano 2020 - um compromisso assumido ainda no ano passado. 'Bloco desunido' No entanto, a Polônia - país-sede do próximo encontro da ONU - que lidera o bloco dos descontentes do Leste Europeu, aliada à Itália, chegou a afirmar publicamente que não pretendem sacrificar a economia já abalada pela crise global para manter o compromisso. Para Anthony Hall, a "firmeza" do discurso de Sarkozy não passa de uma tentativa de esconder as rachaduras expostas no bloco de 27 países pela crise. "Por debaixo do pano há evidentemente grandes diferenças de opinião e potencialmente conflitos. Temos poucas semanas para a UE construir uma frente unida verdadeira", disse Hall à BBC Brasil. No ano passado, na conferência sobre mudança climática da ONU, em Bali, os participantes, entre eles os Estados Unidos e a União Européia, aceitaram o chamado "mapa do caminho", idealizado para que até 2009 seja alinhavado um acordo internacional que substitua o atual Protocolo de Kyoto. O problema é que a crise financeira global pôs em cheque as prioridades de muitos governos. Entre eles, a própria Alemanha, que em Bali fez grande pressão para que outros países aceitassem a meta de cortes de 20% até 2020. Liderança britânica? Na contramão do movimento provocado pela crise, na semana passada, o governo britânico liderado por Gordon Brown anunciou que pretende cortar 80% das suas emissões de carbono até 2050. Uma meta ambiciosa, que segundo Anthony Hall pode conferir aos britânicos a liderança informal das discussões para tentar unificar a Europa até dezembro. "Acho que não vai ser fácil. É preciso haver um processo de negociação bastante forte nas próximas semanas." Historicamente, a Europa costuma liderar as negociações internacionais sobre mudança climática, pressionando países tradicionalmente relutantes em atuar nessa área - como os Estados Unidos, o Japão e a Austrália - no sentido de adotar metas mais ambiciosas. Com a iminente troca de governo nos Estados Unidos e com as divisões que surgiram no bloco europeu, no entanto, a grande dúvida é sobre quem vai levantar essa bandeira no encontro de dezembro para que as negociações pós-Kyoto avancem. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.