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Disputas e falta de objetivos ameaçam cúpula climática em Doha

'Nunca haverá ambição o bastante', disse Christiana Figueres, chefe do secretariado da ONU

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Por Redação
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DOHA - As discórdias em torno da ajuda ao mundo em desenvolvimento e o fracasso dos países ricos em estabelecer metas mais duras para combater o aquecimento global ameaçavam as conversações climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU) com a participação de representantes de quase 200 países nesta sexta-feira, último dia da reunião. A ONU tentou diminuir as expectativas já modestas para o encontro em Doha, de duas semanas de duração. A reunião busca prorrogar o Protocolo de Kyoto, o plano da ONU que obriga cerca de 35 países desenvolvidos a cortar as emissões de carbono e que expira no fim deste ano. "Nunca haverá ambição o bastante", disse à Reuters Christiana Figueres, chefe do secretariado da ONU para mudança climática, sobre os esforços para se evitar mais secas, inundações, ondas de calor e elevação do nível dos oceanos. "O fato é que a resposta política internacional está fundamentalmente atrás de onde a ciência diz que estamos. Se você observa essa diferença, sempre há um atraso. Essa é a frustração", afirmou ela. As emissões de gases de efeito estufa devem aumentar 2,6% este ano, estimuladas principalmente pelos países emergentes liderados pela China e pela Índia, que dizem que precisam queimar mais combustíveis fósseis para acabar com a pobreza. Enfrentando uma desaceleração econômica, os Estados Unidos, a Europa e outros países desenvolvidos se recusaram a estabelecer um cronograma para aumentar em dez vezes a assistência para atingir os prometidos 100 bilhões de dólares anuais a partir de 2020 a fim de ajudar as nações em desenvolvimento a reduzir as emissões e a arcar com os efeitos da mudança climática. "As finanças se tornaram uma questão de tudo ou nada aqui", disse Celine Charveriat, do grupo de assistência Oxfam. "O texto das finanças não vale o papel em que foi escrito." Os países pobres também acusam os ricos de relutarem em estender o Protocolo de Kyoto, que exigiu que os signatários cortassem as emissões em uma média de 5,2 por cento abaixo dos níveis de 1990 durante os anos de 2008 e 2012. "O que falta aqui é ambição", disse Claudia Salerno, da Venezuela. O encontro de duas semanas na capital do Catar deve seguir durante a noite até sábado em razão dos desacordos. (Reportagem de Regan Doherty e Daniel Fineren)

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