Dilma e secretário-geral da ONU alertam para 'agenda urgente' ao abrirem Rio+20

Presidente brasileira disse que desafios são complexos; Ban Ki-moon pediu 'vontade política' de líderes mundiais.

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Por BBC Brasil
Atualização:

A presidente Dilma Rousseff alertou nesta quarta-feira a necessidade do mundo seguir uma "agenda urgente", ao declarar oficialmente aberta a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. A cúpula tem sido alvo de críticas por parte de ambientalistas, que consideraram tímido o texto-base da declaração final, aprovado na terça-feira. Eleita pelos países que integram os debates como presidente da conferência, Dilma agradeceu os votos e transferiu a tarefa ao ministro brasileiro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, que assumiu os trabalhos como vice-presidente da conferência. Dilma expressou ainda a satisfação de ver "a liderança mundial" para a qual "acorda hoje o Rio de Janeiro, para a complexa e urgente agenda do desenvolvimento sustentável". "Não tenho dúvidas de que estaremos à altura dos desafios", acrescentou a líder brasileira, indicando que às 16h voltará a falar à plenária expondo a posição do Brasil sobre os temas que serão discutidos pelos chefes de Estado. Já o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, comentou diretamente o texto aprovado ontem ao manifestar descontentamento e afirmar que esperava algo mais "ambicioso". O secretário-geral da ONU, por sua vez, deixou claro que caberá agora aos líderes mundiais, nos três próximos dias, dar a devida importância aos temas que afetam o planeta. "A natureza não espera, a natureza não negocia com o ser humano. Temos recursos limitados na Terra, e portanto o que os países-membros acordarem aqui, agora, é importante e deve ter vontade política", disse. Inspiração Ele disse ainda que o Brasil tem potencial de servir como exemplo para outros países. "Na minha visão o Brasil tem muita chance de sucesso e podemos aprender e ter inspirações com os sucessos brasileiros". Questionado sobre a expectativa de mudanças no texto aprovado, Ban disse que espera que os líderes tomem decisões cruciais tendo em vista o mundo como um todo. "Eles são aqueles que podem tomar decisões políticas. A era em que cada chefe de Estado pensava apenas em seu próprio país já se acabou. Nosso mundo está interconectado e nossos líderes precisam pensar como cidadãos globais", indicou. Rascunho O primeiro dos três últimos dias da Rio+20, que agora conta com a presença de chefes de Estado e governo de todo o mundo, já começa com uma questão crucial: a timidez dos termos acordados no texto rascunho aprovado na terça-feira e a pressão para que as discussões entre os líderes resultem em mudanças para tornar a declaração final mais contundente. O objetivo do texto é convencer a humanidade a seguir um caminho mais sustentável, reduzindo a pobreza e preservando o meio ambiente, informa o analista da BBC Richard Black. Fontes ligadas ao tema, entretanto, afirmaram que as discussões fomentaram uma polêmica em torno de uma série de pontos. O documento, por exemplo, pede "uma ação urgente" contra a produção e o consumo insustentável, mas não dá detalhes nem estabelece um cronograma de como essa meta poderá ser atingida. Por outro lado, o texto reafirma os compromissos que os países fizeram para encerrar os subsídios aos combustíveis fósseis "danosos e ineficientes". Críticas Entidades ligadas à defesa do meio ambiente afirmaram que o rascunho final carece de "conteúdo significativo". Segundo o diretor de política e campanhas da organização Friends of the Earth, Craig Bennett, que acompanhou as negociações no Rio, "a minuta do texto revela que falta às negociações do Rio o poder de fogo necessário para solucionar o problema global que enfrentamos". "Os países desenvolvidos têm falhado seguidamente em viver dentro dos limites do planeta - e agora eles precisam acordar para o fato de que, até a economia mundial se recuperar, estaremos pisando em rachaduras cada vez maiores", acrescentou Bennett. Mais de cem chefes de Estado e governo são esperados no Rio de Janeiro para a aprovação do texto. Entre os líderes, estará presente o recém-eleito presidente da França, François Hollande. O primeiro-ministro inglês, David Cameron, e a chanceler alemã, Angela Merkel, não virão e serão substituídos por seus ministros. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, também não confirmou presença, ainda que especulações sobre sua eventual vinda tenham surgido recentemente. A Rio+20 ocorre 20 anos depois da Eco-92, também chamada de Cúpula da Terra. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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