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Derrubada da mata atlântica em São Paulo cresce 5 vezes

Estudo feito em três regiões metropolitanas do País mostra que desmate do bioma voltou a aumentar

Por Giovana Girardi
Atualização:

O desmatamento da mata atlântica na Região Metropolitana de São Paulo aumentou cinco vezes entre 2005 e 2008 em relação aos cinco anos anteriores. Os dados fazem parte de um levantamento preliminar, divulgado nesta quarta-feira, 17, pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que mostrou uma inversão da tendência de queda que vinha sendo observada.   Veja também:  Compare o desmatamento em SP em 2005 e 2008   Veja o mapa do desmatamento em três áreas urbanas    Em maio, quando foi divulgado o Atlas dos Remanescentes da Mata Atlântica 2000-2005, registrou-se pela primeira vez uma queda no desmatamento do bioma no País. A área derrubada naquele período foi 69% menor que no anterior (1995-2000). De lá para cá, no entanto, o desmate voltou a crescer, ao menos nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Vitória (ES) - as três avaliadas por enquanto. A perda somada foi de 793 hectares - cerca de 990 campos de futebol. O maior aumento ocorreu em São Paulo, justamente o Estado que apresenta o maior remanescente de mata atlântica. No período desapareceram 437 hectares de mata, contra 48 hectares entre 2000 a 2005. Essa taxa, nove vezes maior que a anterior, inclui os 201 hectares desmatados para a construção do Rodoanel. Como esta foi uma derrubada autorizada, não entra na conta do desmate ilegal. Mas mesmo sem ela, a taxa foi cerca de cinco vezes maior.   "É preocupante porque a queda de desmate no Estado tinha sido de 91% de 2000 a 2005 na comparação com o período 1995 a 2000. Isso mudou muito rápido", afirma a coordenadora do estudo, Márcia Hirota, da Fundação SOS Mata Atlântica.   Se for extraída uma taxa média por ano, o aumento fica mais dramático. Entre 2000 e 2005, foram 9,6 hectares por ano. Mesmo excluindo o Rodoanel, a média do período 2005-2008 é de 78,6 ha/ano - oito vezes maior. "De repente começamos a receber muitas denúncias de desmate ilegal e resolvemos averiguar. Como os dados se mostraram alarmantes e estamos em época de troca de prefeitos, achamos que podia servir de alerta", diz.   Marcia destaca ainda que metade do desmatamento registrado na Região Metropolitana de São Paulo ocorreu na área da Serra da Cantareira, cujas nascentes e cursos d’água alimentam o sistema que abastece mais de 8 milhões de pessoas na Grande São Paulo. A perda da mata pode comprometer o fluxo hídrico e eventualmente levar à falta de água na capital.   A Secretaria de Meio Ambiente do Estado afirmou que ainda não tinha recebido os dados da pesquisa e que só irá se manifestar após confrontá-los com informações de autorizações de desmate e autuações no período.   Os dados completos de desmate em todo o bioma entre 2005 e 2008 devem ser divulgados em maio do ano que vem, apresentados separadamente para cada um dos 3.400 municípios do Brasil que têm cobertura de mata atlântica. Ao todo resta somente 7,26% da cobertura original da floresta no País. A partir do ano que vem, o atlas, que era realizado para períodos de cinco anos, começará a ser feito a cada dois.

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