PUBLICIDADE

Copenhague ameaça liberdade, diz presidente tcheco

Por Gustavo Nicoletta
Atualização:

Duas semanas antes do início da Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas em Copenhague, o presidente da República Tcheca, Václav Klaus, disse que o encontro traz ameaças à liberdade dos indivíduos e reiterou que não está "de forma alguma convencido de que estejamos vivenciando um grande aquecimento global provocado pelo homem"."Não quero simplificar esta questão, mas ouso dizer que sou 100% contrário à conferência de Copenhague", disse Klaus. "Não precisamos de pessoas nos dizendo como comer, o que fazer, como nos comportar, o que consumir", afirmou. "Tudo que precisamos é permitir que a adaptação e a flexibilidade humanas, o progresso técnico e o livre mercado avancem sem obstáculos. Resumindo, o que precisamos é de liberdade e eu temo que ela estará ameaçada em Copenhague."Klaus, autor do livro "Blue Planet in Green Shackles" (O Planeta Azul com Algemas Verdes), é um crítico ferrenho das teorias do aquecimento global e as considera doutrinárias. Segundo ele, o alarmismo injustificado em torno do aumento da temperatura mundial coloca em segundo plano a liberdade e a prosperidade dos países. Durante uma palestra realizada na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo, o presidente tcheco disse haver evidências, por exemplo, de que o aumento da temperatura ocorre somente em regiões mais frias e secas, não no mundo inteiro.Ele também citou um dado do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês), órgão vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU), segundo o qual houve um aumento de apenas 0,74 grau Celsius na temperatura global entre 1906 e 2005. Klaus não concorda com a postura brasileira em relação ao aquecimento global. O Brasil anunciou que pretende reduzir entre 36% e 38,9% a emissão de gases causadores do efeito estufa até 2020.União EuropeiaO presidente tcheco também fez comentários sobre a situação da União Europeia (UE). Segundo ele, o princípio que originalmente norteava a integração da região baseava-se na cooperação e na remoção de barreiras entre os países, mas essa linha de pensamento "infelizmente" foi abandonada em prol da criação de um governo supranacional."A situação começou a mudar na década de 1980 e a ruptura decisiva ocorreu com o Tratado de Maastricht. A partir do momento em que a integração tornou-se unificação e a liberalização transformou-se em centralização das decisões, foi criado um déficit democrático", opinou. A República Tcheca foi o último dos 27 países da UE a aprovar o Tratado de Lisboa, que estipula, entre outras medidas, a criação dos cargos de presidente e de chanceler do bloco e também diminui o poder individual de veto dos países-membros sobre determinadas propostas.Havia receios de que Klaus não ratificaria o documento. Em um comunicado divulgado em outubro, ele afirmou que sempre considerou o Tratado de Lisboa um erro por acreditar que a iniciativa "aprofundaria o déficit democrático da UE".

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.