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Concentração de gases de efeito estufa bate recorde em 30 anos

Informe da Organização Meteorológica Mundial alerta que as políticas ambientais adotadas até agora não estão dando resultados 

Por Jamil Chade
Atualização:
Para 2013, a taxa de concentração de CO2 ficou 142% acima da era pré-industrial Foto: Werther Santana/Estadão

 

Atualizado às 7h20 GENEBRA - Apesar de todos os discursos políticos, a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera jamais foi tão elevada e sua expansão registra o maior salto em 30 anos. Nunca em 300 milhões de anos os oceanos apresentaram uma taxa de acidez como a de 2013. Os dados são de um levantamento que a Organização Meteorológica Mundial (OMM) publica nesta terça-feira, 9, em Genebra. O texto revela que a taxa de dióxido de carbono (CO2) bateu todos os recordes em 2013. 

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O informe, segundo especialistas, alerta que as políticas ambientais adotadas até agora não estão dando resultados e exige a fixação de metas ambiciosas. “Entre 1990 e 2013, houve um aumento de 34% nas forças radioativas, que representam o efeito de aquecimento em nosso clima”, apontou o estudo. Os gases avaliados foram o CO2, metano e N2O. 

Para 2013, a taxa de concentração de CO2 ficou 142% acima da era pré-industrial, no ano de 1750. Já a concentração de metano aumentou 253%. A maior preocupação, porém, é o crescimento de CO2 entre 2012 e 2013 - a maior taxa desde 1984. “Dados preliminares indicam que isso foi possivelmente relacionado ao fato de que a biosfera absorveu menos CO2, enquanto as emissões do gás continuaram a aumentar”, explicou a entidade.

A concentração de gases é o que fica na atmosfera depois de um complexo sistema de interações entre a biosfera, os oceanos e a atmosfera. Um quarto do total das emissões é absorvida pelos oceanos, mesma proporção que vai para a biosfera. 

“No lugar de cair, a concentração de CO2 está de fato aumentando e no ritmo mais elevado em 30 anos”, disse o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud. "Precisamos reverter essa tendência cortando as emissões", apelou. “O tempo está se esgotando e sabemos sem qualquer sombra de dúvidas que nosso clima está mudando por causa das atividades humanas”, afirmou. Pela primeira vez, o volume de CO2 chegou a 396 partes por milhão em 2013 - em um ano, aumento de 2,9 partes por milhão.

Segundo ele, não se pode "negociar as leis da física" e a realidade é que as emissões passadas e presentes estão se acumulando.Taxas. Pela primeira vez, o volume de CO2 na atmosfera chegou a 396 partes por milhão em 2013. Em apenas um ano, o aumento de 2,9 partes por milhão, o maior no período iniciado em 1984. "Se a tendência for mantida, a média de concentração de CO2 deve passar a marca simbólica de 400 partes por milhão em 2015 ou 2016.

Em relação ao metano, o gás emitido na agricultura, na exploração de petróleo e na queima de biomassa também bateu um recorde, com 1824 partes por bilhão em 2013. A emissão desse gás havia se estabilizado. Mas desde 2007 o volume voltou a aumentar.

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Já o N2O, emitido por fertilizantes, atingiu 325,9 partes por bilhão. "Seu impacto sobre o clima, em um período de 100 anos, é 298 vezes maior do que as emissões de CO2", indicou o informe.

Para Michel Jarraud, não se pode "negociar as leis da física"; o secretário-geral da OMM alerta que as emissões passadas e presentes estão se acumulando Foto: Martial Trezzini/AP

Acidez. O informe também aponta que, diante das emissões, os oceanos estariam apresentando sua maior taxa de acidez em 300 milhões de anos. Por dia, os oceanos estariam absorvendo cerca de quatro quilos de CO2 por pessoa por dia.

A estimativa da OMM é de que a acidez dos oceanos deva ser acelerada até meados do século, com consequências para corais, algas, moluscos e sua capacidade de se manter. Outro impacto da acidez é a redução da biodiversidade.

"Se o aquecimento global não é motivo suficiente para reduzir as emissões de CO2, a maior taxa de acidez nos oceanos deve ser, já que ela vai aumentar em décadas ainda", alertou Jarraud.

Segundo ele, o mundo tem "o conhecimento e os instrumentos para agir para evitar que as temperaturas do mundo cresçam dentro dos 2°C". "A desculpa da ignorância não é mais uma desculpa para não agir", completou.

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