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Chefe de clima da ONU descarta renúncia após erro sobre geleiras

Por MATTHIAS WILLIAMS
Atualização:

O chefe do painel da ONU (Organização das Nações Unidas) de cientistas do clima prometeu neste sábado tornar mais rígidos os procedimentos de pesquisas, mas descartou deixar o cargo após um uma projeção errônea de que as geleiras do Himalaia desapareceriam até 2035. Um relatório de 2007 do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) informou que o aquecimento global poderia causar o desaparecimento de milhares de geleiras se o seu ritmo não diminuísse. Rajendra Pachauri, chefe do painel, disse a repórteres em Nova Délhi que lamentou a inclusão da previsão no relatório, mas afirmou que o erro não deve ocultar as evidências de que as mudanças climáticas são, de fato, uma ameaça. "Nossos procedimentos são muito rigorosos, eles são muito sólidos", disse. "Tudo o que precisamos nos certificar é do fato de que nos dedicaremos para implementar esses procedimentos." Pachauri se esquivou de perguntas sobre se o erro poderia fortalecer os céticos do aquecimento global e poderia fazê-lo renunciar. "Pessoas racionais veem o todo. Elas não serão distraídas por esse erro, que, claro, é lamentável", disse. "Não tenho a intenção de deixar a minha posição." A Índia e alguns pesquisadores do clima criticaram o IPCC por exagerar no encolhimento das geleiras do Himalaia, cujo descongelamento sazonal fornece água para nações como a China e a Índia. Se as geleiras sumissem, afetariam grandemente, na Ásia, o escoamento da água vital para a irrigação. Falhas nos relatórios do IPCC podem ser muito danosas, pois as descobertas do órgão são um guia para políticas governamentais. Em seu relatório de 2007, o IPCC disse estar mais de 90 por cento certo de que o ser humano era a principal causa do aquecimento global, principalmente pelo uso de combustíveis fósseis. O polêmico parágrafo diz: "As geleiras do Himalaia estão retrocedendo mais rápido do que em qualquer outra parte do mundo e, se o ritmo atual permanecer, a probabilidade de seu desaparecimento até o ano de 2035 e talvez antes é muito alta, se a Terra continuar se aquecendo no ritmo atual". Líderes do IPCC notaram que tal previsão sobre as geleiras não entrou no resumo final para os governos, em 2007. Em comunicado anterior, Pachauri afirmou que o erro ocorreu porque os procedimentos não foram corretamente seguidos, e descartou a possibilidade de mais falhas. "A possibilidade é mínima, se não inexistente", disse. "Revisaremos e fortaleceremos nossos processos daqui em diante."

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