Brasil tem papel fundamental nas negociações

País só cumpriu duas das 51 metas nacionais de 2010, mas, ainda assim, foi quem mais fez pela biodiversidade

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Por Herton Escobar
Atualização:

O Brasil tem um papel central nas negociações da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB). Detentor da maior biodiversidade e uma das economias mais fortes do mundo, posiciona-se como um interlocutor estratégico entre os países em desenvolvimento e os desenvolvidos. “Esperamos uma demonstração forte de liderança do Brasil em Nagoya”, disse ao [BOLD]Estado[/BOLD] o superintendente de Conservação da WWF-Brasil, Cláudio Maretti.

 

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Segundo ele, o País chega “com moral” à conferência. “Claro que ainda há muita coisa por fazer. Mas, se você comparar com o resto do mundo, o Brasil foi quem fez melhor a lição de casa”, avalia Maretti.

 

Isso, apesar de o País ter cumprido apenas 2 das 51 metas nacionais sobre biodiversidade estabelecidas para 2010, segundo um relatório submetido pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) à CDB no início deste mês. Elas foram a publicação de listas de espécies ameaçadas e a redução de 25% do número de focos de calor por bioma.

 

A criação de áreas protegidas e a redução do desmatamento renderam elogios ao Brasil nos últimos anos, mas não foram suficientes para atingir os compromissos nacionais nessas áreas. A meta era ter 30% da Amazônia e 10% dos outros biomas protegidos por unidades de conservação (sem contar terras indígenas) em 2010. Segundo o relatório do ministério, chegou-se a 27% na Amazônia, 7,3% na Caatinga, 8,4% no Cerrado, 8,9% na Mata Atlântica, 3,5% no Pampa, 4,8% no Pantanal e 3,1% na Zona Costeira e Marinha. “O Brasil foi bem na Amazônia, mas varreu para baixo do tapete os problemas dos outros biomas”, avalia Maretti.

 

“Tivemos algumas conquistas, mas mesmo assim nos saímos muito mal, a exemplo do resto do mundo”, diz o diretor executivo da Conservação Internacional no Brasil, Fábio Scarano.

 

Recursos escassos. Uma das questões mais estratégicas da negociação em Nagoya é o apoio financeiro dos países desenvolvidos a programas de conservação da biodiversidade nos países em desenvolvimento. O Brasil defende um repasse global mínimo de US$ 1 bilhão ao ano.

 

Cerca de 20% do território brasileiro é coberto por unidades de conservação. Mas menos de 1% do orçamento federal é investido em gestão ambiental de uma forma geral, segundo o relatório nacional submetido à convenção.

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“Acho até incoerente um país como o Brasil esperar que a solução de seus problemas ambientais venha de capital externo”, diz o secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, Bráulio Dias. “O investimento externo tem de ser complementar a esforços internos, mas o País não investe o suficiente para fazer o que é necessário.”

 

Segundo o diretor de Áreas Protegidas do ministério, Fábio França de Araújo, a área total de unidades de conservação do Brasil aumentou 80% desde 2000. Mas o orçamento para a gestão dessas áreas permaneceu praticamente igual.

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