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Brasil descarta crédito de carbono para proteger Amazônia

Povos indígenas protestaram que não tinham chance de ver esse dinheiro do crédito de carbono

Por GERARD WYNN E GABRIELA BACZYNSKA
Atualização:

O Brasil descartou nesta quinta-feira, 4, a possibilidade de deixar os países ricos compensarem suas emissões de gases do efeito estufa com contribuições financeiras para a proteção da Floresta Amazônica, uma idéia que vem sendo discutida ativamente na União Européia.    Veja também:   Estudo diz que mercado de gases estufa cresceu 41% em 2008 Mudança climática pode elevar número de refugiados, diz ONU Acordo para vítimas do clima pode ser necessário, diz WWF Plano federal prevê queda de 70% no desmatamento até 2018 Entenda a reunião sobre clima da ONU na Polônia Quiz: você tem uma vida sustentável?  Evolução das emissões de carbono    Página oficial da conferência  Povos indígenas que compareceram à conferência de clima da Organização das Nações Unidas (ONU) em Poznan, Polônia, protestaram que não tinham chance de ver esse dinheiro do crédito de carbono e pediram verba para, primeiro, acabar com a corrupção e para a demarcação de terras. "O Brasil sempre foi contra a compensação na área florestal", disse Sérgio Serra, embaixador brasileiro para mudança climática. Na semana passada, o governo brasileiro informou que a taxa de desmatamento anual da Amazônia aumentou durante o ano até julho, pela primeira vez em quatro anos. Mas o país é contra a compensação financeira para proteger a floresta, informaram autoridades brasileiras à Reuters nesta quinta-feira, 4, explicando que tal medida absolveria os países ricos de cortarem suas próprias emissões. A posição brasileira jogou um balde de água fria nas esperanças da maioria dos outros países que abrigam florestas tropicais, que estão em busca de dinheiro para proteger as matas com um novo tratado sobre o clima. Analistas dizem que Indonésia, México e Índia são favoráveis a essa proposta. Em vez disso, o Brasil apóia a criação de um fundo público, baseado, por exemplo, na promessa da Noruega de doar 1 bilhão de dólares este ano para o Fundo Amazônico, com o propósito de melhorar a conservação e a aplicação de leis contra o desmatamento. Com o mercado de carbono global, os países ricos poderiam exceder as metas de emissão de gases do efeito estufa, mas apenas se pagassem por cortes de emissões correspondentes no mundo em desenvolvimento, em um sistema de créditos de carbono. Países membros da UE debateram o esquema amplamente na quinta-feira, para permitir "créditos da floresta" - pelo qual os países e empresas compensam pelo excesso de emissões de carbono ao financiar a conservação da floresta tropical. Um esboço de documento francês, obtido pela Reuters na quarta-feira, 3, sugere que o bloco permitiria o crédito da floresta como uma forma de ajudar algumas empresas a cumprirem suas obrigações de carbono de uma maneira menos custosa durante a recessão. Isso marcaria uma reversão nas propostas feitas pela comissão-executiva da UE em outubro. Um membro da delegação de Guiné Equatorial disse que as duas abordagens poderiam ser combinadas. "Deveria ficar em aberto tanto para os que querem levantar dinheiro público como para aqueles que querem entrar no mercado (de carbono). Mas é preciso haver o aspecto de mercado", disse à Reuters Deogracias Ikaka Nzami. Em todo o mundo, anualmente, uma área de floresta maior que o tamanho da Grécia é destruída, contribuindo com cerca de um quinto das emissões de gases do efeito estufa, aos quais se atribui o aquecimento global. A conferência na Polônia segue até o dia 12 e visa preparar o terreno para um novo tratado sobre o clima até o fim de 2009 para substituir o Protocolo de Kyoto.

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