Uma espécie de tapete, do tamanho de um cobertor para casal, tecido artesanalmente com taboa, um vegetal farto na região, está recuperando áreas degradadas pela extração de minério em Corumbá, no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Conhecidas por biomantas, além da finalidade ecológica, proporcionam a inclusão social de famílias pobres da periferia da cidade, que passaram a receber dinheiro para confeccionar essas peças em fevereiro. Matas podem arder em fornos de siderúrgicas Projetos evitam o desperdício de água Bioma em pé rende US$ 20 bi 59% da vegetação sofreu transformação Referência mundial Semi-árido tem saída até contra a fome Unir sustentabilidade e preservação é desafio Área protegida beneficia a pesca Criação de reserva privada colabora com biodiversidade Incentivo para conservar Florestas de eucalipto substituem campos Muito além da Amazônia Galeria de fotos Os biomas brasileiros "Cumprimento das legislação pelos proprietáros rurais não é o suficiente para preservação" "É mais fácil lutar por um ecossistema com a ajuda da sociedade" Um mês depois já estavam prontas para iniciar uma experiência em 40 metros quadrados da empresa mineradora Rio Tinto, em uma área de extração de ferro localizada na Morraria de Santa Cruz, em Corumbá. O local recebeu sementes de várias plantas nativas do Pantanal, foi adubado e coberto pelas biomantas. No mês passado, técnicos em meio ambiente e pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) foram verificar os resultados. "Deu tudo certo, conforme nossas expectativas", afirmou a pesquisadora Íria Hirome Ishi, integrante do grupo que desenvolve o novo sistema. As plantas estão crescendo por meio dos vãos de 2x2 centímetros das peças, o que não aconteceria sem as biomantas. "Sem essa proteção, o solo estaria seco, as aves teriam consumido boa parte ou todas as sementes. Isso sem considerar a força dos ventos e erosões do solo, que também são evitados com esse recurso." É a garantia de reflorestamento das áreas exploradas com a extração do ferro de superfície, onde não existe o trabalho do gênero no subsolo. A manta é totalmente orgânica. Nessa condição de biodegradável, permite o crescimento da vegetação, enquanto vai desaparecendo e se transformando em adubo, explicam os técnicos. Eles acreditam que o trabalho pode ser realizado por todas as mineradoras, que atuam ecologicamente corretas. Os especialistas analisam também o benefício social que o projeto trará, com o aumento no número de famílias pobres que passará a ter mais renda. Os pesquisadores explicaram, que, por enquanto, são 30 donas de casa do bairro Cervejaria, na periferia de Corumbá, as produtoras das biomantas. "Conforme o projeto for se desenvolvendo, vamos buscar novas trabalhadoras. Isso também pode acontecer em outras empresas", comentou Íria.