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Atuação de fundos deve ajudar a reduzir desmatamento no País

Investidores têm ampliado o volume de aportes na compra de terras e formação de bases florestais

Por André Magnabosco e da Agência Estado
Atualização:

O combate ao desmatamento no Brasil, uma das principais bandeiras de atuação do Ministério do Meio Ambiente, deverá contar com novos aliados nos próximos anos. Interessados no potencial econômico das terras brasileiras, investidores estrangeiros e nacionais têm ampliado o volume de aportes na compra de terras e formação de bases florestais no País. A partir de fundos ou empresas de investimento, esses investidores pretendem se tornar fornecedores de madeira para fabricantes de celulose, siderúrgicas e empresas de móveis e painéis, entre outros setores, beneficiando-se do cenário de aumento de demanda doméstica por madeira.

 

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A criação, principalmente de fundos de investimento em ativos florestais, deve ajudar a aumentar a disponibilidade de madeira em território brasileiro, ao mesmo tempo em que garantiria segurança de abastecimento às indústrias. "O setor florestal precisa de financiamento e os fundos são uma alternativa de financiamento aos recursos florestais", ressalta o diretor executivo da Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (Abraf), Cesar Augusto dos Reis.

 

A previsão da entidade é de que os fundos, que podem ser geridos pelas chamadas TIMOs (Timberland Investment Management Organizations) ou por empresas especializadas em ativos florestais, responderão por aproximadamente 15% da expansão da área plantada no Brasil até 2014. A base formada por produtores independentes deve ter um acréscimo de 200 mil hectares nos próximos cinco anos, período no qual a base florestal deve crescer 1,4 milhão de hectares, para aproximadamente 7,5 milhões de hectares.

 

Madeira sustentável

 

Com o aumento da oferta de madeira, os investidores acreditam que poderão estreitar o relacionamento com empresas consumidoras do produto, tornando-se uma alternativa ao consumo de madeira oriunda de terras desmatadas de forma ilegal. "Acredito que apenas a troca de madeira desmatada por madeira sustentável represente um acréscimo de 1 milhão de hectares de plantio", afirma o diretor de investimento e Relações com Investidores da gestora Brazil Timber, Henrique Rodrigues Alves Aretz.

 

Além da perspectiva da substituição crescente de madeira imprópria ao uso por fontes plantadas, acompanhando a maior repressão ao corte ilegal, outro estímulo aos investidores é o crescimento da produção brasileira nos setores de celulose e siderurgia. As empresas desses dois setores respondem atualmente por mais de 90% da floresta plantada no Brasil e já possuem um diversificado plano de crescimento, com a previsão de construção de fábricas em diversas regiões do País.

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Fundos florestais

 

Para atender a essa nova demanda, é crescente o número de lançamentos de fundos florestais. A administradora de recursos NSG Capital, por exemplo, tem planos de lançar três fundos até janeiro do próximo ano. Esses fundos, que devem somar patrimônio líquido de R$ 400 milhões, visam atender principalmente a demanda para a produção de celulose e carvão vegetal - este utilizado pela indústria siderúrgica. "A existência desses fundos de investimento (florestais) no Brasil é uma demonstração da atratividade, solidez e liquidez dessa atividade", ressalta o representante da Abraf.

 

O crescimento desse mercado foi acompanhado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que lançou em julho passado o BNDES Florestal, uma linha de apoio ao reflorestamento, recuperação e uso sustentável das florestas. Os principais beneficiados com a linha, que não tem um valor limite de liberação, serão as indústrias de ferro-gusa, cerâmica, moveleira, entre outras, destaca o chefe do Departamento de Meio Ambiente do BNDES, Marcio Macedo. O BNDES também aprovou orçamento de R$ 300 milhões para uma linha de incentivo à regularização do passivo de reserva legal em propriedades rurais destinadas ao agronegócio.

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