Ártico passa pelo maior aquecimento dos últimos 2.000 anos

Sem o efeito estufa causado pelo homem, a região deveria estar se resfriando, afirma novo estudo na Science

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Por Reuters-EFE
Atualização:

O Ártico está experimentando as temperaturas mais elevadas dos últimos 2.000 anos, a despeito do fato de que deveria estar esfriando, por causa de alterações na órbita da Terra que fazem com que a região recebe menos iluminação solar.

 

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De fato, o ártico vinha resfriando-se ao longo de quase 2.000 anos até que inverteu o curso no século passado e começou a esquenta, á medida que os seres humanos foram adicionando gases do efeito estufa à atmosfera.

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"Se não tivesse sido pelo aumento dos gases do efeito estufa produzidos pelo homem, as temperaturas do Ártico deveriam ter caído gradualmente ao longo do último século", disse Bette Otto-Bliesner, cientista do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica dos EUA e coautora de um estudo sobre temperaturas do Ártico publicado na edição desta semana da revista Science.

 

O intervalo de dez anos mais recente, de 1999 a 2008, foi o mais quente dos últimos 2.000 anos no Ártico, de acordo com os pesquisadores liderados por Darrell S. Kaufman,  professor de geologia e ciências ambientais da Universidade do Norte do Arizona.

 

Em média, as temperaturas do ártico ficaram 1,4º C acima do que deveriam ter sido se o resfriamento tivesse continuado, disseram os pesquisadores.

 

A descoberta pode intensificar o debate sobre a lei de combate à mudança climática que aguarda votação no Senado dos Estados Unidos. 

 

O novo estudo baseia-se em uma reconstituição, década a década, das temperaturas dos últimos 2.000 anos, desenvolvida com informações de antigos sedimentos de lagos, amostras de gelo extraídas em perfurações, anéis de crescimento de árvores e outros tipos de amostragem.

 

As descobertas foram confrontadas com simulações de computador de modelos climáticos rodadas no Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas.

 

Nações Unidas

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Também nesta quinta-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, advertiu que "o Ártico está aquecendo mais rápido do que qualquer outro lugar na Terra" e "poderia ficar sem gelo até 2030". Após visitar nos últimos dias a base internacional de Ny Alesund (Noruega), onde observou diretamente o impacto da mudança climática sobre o Ártico, o responsável da ONU chegou a Genebra para participar da Conferência Mundial sobre o Clima.

 

Em discurso diante de mais de mil participantes deste fórum, Ban pediu aos governos para conseguir, na conferência internacional sobre mudança climática, prevista para dezembro em Copenhague, um acordo que permita "profundos cortes nas emissões" de gases poluentes.

 

Reconheceu, nesse sentido, que essas negociações ocorrem com atraso: "só restam 15 dias, 15 dias para resolver alguns dos assuntos mais complexos". O secretário-geral da ONU revelou que os cenários mais distantes que tinham sido colocados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) - uma das instâncias científicas de maior credibilidade na matéria - estão "ocorrendo agora".

 

Explicou que o Ártico, "em vez de refletir o calor, está absorvendo, enquanto o gelo diminui. Isso acelera o aquecimento global".

 

O secretário-geral da ONU disse que já se observa um aumento do nível do mar, que, até o final do século 21, poderia subir entre 50 centímetros e dois metros, colocando em risco às populações que vivem em ilhas, em áreas litorâneas e deltas, entre outros lugares.

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