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Apesar de queda, nível de desmatamento é 'inaceitável', diz Minc

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Por Redação
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O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse nesta terça-feira que não há o que comemorar e que o desmatamento ainda se encontra em um nível inaceitável, ao comentar dados oficiais que apontam uma queda de 20 por cento no índice de desmatamento da Amazônia. "Os números demonstram que a tendência de alta do desmatamento registrada no final do segundo semestre de 2007 começa a declinar. O dado geral não é mau, mas ainda está muito elevado", disse o ministro em entrevista coletiva em Brasília. "Este desmatamento ainda é inaceitável." O desmatamento da Amazônia registrou queda de 21 por cento em junho na comparação com maio, ficando em 870 quilômetros quadrados no mês passado, informou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) na terça-feira. Na comparação com junho de 2007, o Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real) apontou uma queda de 35 por cento no desmatamento. Na ocasião, a área total desmatada atingiu 1.350 quilômetros quadrados. "Isso demonstra nosso trabalho e as ações desenvolvidas pelo Ibama e pela Polícia Federal", disse Minc. "Não foi sorte, foi trabalho." Ao comentar as ações do governo no combate ao desmatamento, o ministro lembrou que 606 propriedades rurais foram embargadas na Amazônia Legal porque os proprietários não cumpriram exigências de preservação. Essas propriedades possuem uma área total de 115 mil hectares. QUEDA EM MATO GROSSO Mato Grosso, que nos últimos dois meses vinha sendo apontado como líder do desmatamento pelo Inpe, reduziu a destruição florestal em 70 por cento. O Estado perdeu 197 quilômetros quadrados de vegetação amazônica, contra 646 quilômetros quadrados em maio. A liderança do Estado no desmatamento, apontada pelo Inpe, gerou tensões entre o governador matogrossense, Blairo Maggi (PR), e o ministro do Meio Ambiente. Maggi, um dos maiores produtores mundiais de soja, colocou os dados do instituto em dúvida e foi criticado pelo ministro. A expansão da fronteira agrícola é apontada por ambientalistas como um dos principais vetores do desmatamento da Amazônia. Já no Pará o desmate disparou 91 por cento, para 499 quilômetros quadrados, segundo os dados do Deter. "Este acréscimo no Pará pode ser explicado pela maior capacidade de observação neste mês", disse o órgão. "Enquanto em maio apenas 41 por cento do Pará pôde ser visto pelos satélites, em junho a observação aumentou para 75 por cento da área do Estado", disse o Inpe em comunicado. "Os demais Estados da Amazônia Legal apresentaram desmatamento pouco significativo." No mês passado, de acordo com o Inpe, 28 por cento do território amazônico esteve coberto por nuvens, contra 46 por cento em maio. Na segunda-feira o Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) informou que a floresta perdeu o equivalente a 1,5 campo de futebol por minuto em junho. De acordo com a instituição não-governamental, o desmatamento totalizou 612 quilômetros quadrados, menor do que o apontado pelo Inpe nesta terça. O Imazon, no entanto, considera em seu número apenas o corte raso, aquele em que a cobertura florestal é totalmente destruída. Já o Inpe leva em conta a soma do corte raso com o desmatamento progressivo, em que ainda há floresta, apesar dos danos. Pelos dados do Imazon, o desmatamento cresceu 23 por cento em junho na comparação com o mês anterior. (Reportagem de Eduardo Simões e Fabio Murakawa)

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