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ANÁLISE-Acordo sobre clima dá vitória limitada a Obama

Por RICHARD COWAN
Atualização:

O acordo sobre o clima negociado pelos Estados unidos e outros países com grandes emissões de carbono vai permitir que o presidente norte-americano, Barack Obama, clame uma vitória limitada, mas suficiente para dar novo fôlego a seus esforços para aprovar projetos no Congresso. Depois de duas difíceis semanas de intensas negociações entre representantes de 193 países, Obama chegou à conferência nas horas finais e fechou os detalhes de um acordo em um encontro pessoal com o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao. Os dois homens representam os países que lideram a emissão mundial de dióxido de carbono --o gás do efeito estufa, que os cientistas temem que possa arruinar o planeta. Autoridades dos Estados Unidos foram rápidas em destacar que esse acordo, o qual ainda requer duras negociações sobre seus detalhes nos próximos 12 meses, ficou aquém do que os cientistas acham que os países precisam fazer para evitar inundações e secas potencialmente catastróficas, resultantes do aquecimento global. Mas Obama disputou a presidência dos EUA em 2008 prometendo mudanças, depois de oito anos de antagonismo do governo Bush em relação à obrigação de reduzir emissões de carbono. O novo presidente dos EUA pode dizer que cumpriu uma grande promessa de campanha, a de começar a controlar o aquecimento do mundo. A seus críticos, Obama também pode dizer que arrancou algumas concessões de grandes nações em desenvolvimento, a China, a Índia e a África do Sul. Pela primeira vez um acordo internacional vai incorporar promessas de redução de carbono desses países. Isto poderá tirar dos congressistas republicanos um argumento essencial, de que o Congresso não deveria impor limites às empresas dos EUA quando grandes poluidores como a China atuam sem restrições e podem, portanto, retirar empregos do país. O senador democrata John Kerry, que está tentando unir número suficiente de republicanos e de democratas indecisos para a aprovação de um projeto sobre clima no Senado, disse que o "Acordo de Copenhague" conseguido por Obama rompeu o impasse internacional e "criou as condições para um acordo final e para que o Senado aprove no primeiro semestre do ano que vem importantes leis no país." Isso pode acontecer, mas várias outras questões têm de ser definidas, incluindo: -- O Congresso tem de encerrar o debate sobre reformas na saúde, que vem dominando a atenção dos legisladores. Se as divergências se estenderem demais, a questão levará muito tempo para ser aprovada em 2010 e ficará muito perto das eleições de novembro, de renovação do Congresso, para que o Senado se debruce sobre o polêmico projeto sobre o clima. -- No ano que vem os norte-americanos vão esperar uma melhora da economia e a criação de empregos. Se isso não acontecer, haverá muitos políticos que ficarão com receio de um revés político se debaterem uma lei sobre clima que poderia conduzir a uma maior elevação dos preços da energia. -- Mais republicanos precisam envolver-se. Alguns ambientalistas esperam que Obama vá pessoalmente se aproximar de seu oponente na campanha presidencial de 2008, o senador John McCain, que costumava ser um líder na legislação sobre mudanças climáticas, mas ultimamente tem feito pouco, a não ser criticar. Como vários países avaliam os detalhes desse pacto antes do encontro do próximo ano no México, todos os olhares se voltarão para alguns dos aspectos mais controversos. Eles incluem o monitoramento e verificação dos programas de redução de carbono de vários países, questão sobre a qual Obama insistiu, para que se comprove se China, Índia e outros cumprem suas promessas.

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