América Latina precisa controlar emissões e desmatamento

Segundo relatório, desmatamento é o dobro da média mundial e emissões cresceram 40%

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Por Alberto Cabezas
Atualização:

América Latina deve reduzir sua taxa de desmatamento, "o dobro da média mundial", e cortar suas emissões de dióxido de carbono (CO2), que cresceram 40,8% de 1990 a 2005, revelou um relatório da ONU sobre o cumprimento das Metas do Milênio para Meio Ambiente apresentado hoje no México.

 

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O ponto destacável na região é a "extensão das áreas naturais protegidas, a redução do consumo de substâncias que aumentam a camada de ozônio" e a expansão da "cobertura de serviços de água e saneamento", detalha o estudo, intitulado "Objetivos de Desenvolvimento do Milênio: avanços na sustentabilidade ambiental na América Latina e o Caribe".

 

Em entrevista coletiva realizada na capital mexicana a vice-secretária-geral da ONU, a tanzaniana Ashe-Rose Migiro, e outros altos funcionários apresentaram dados promissores sobre desenvolvimento e mudança climática, mas suscetíveis a ampliar as melhorias.

 

Migiro lembrou que na região "muito foi feito para atender à mudança climática e o desenvolvimento sustentável", embora tenha ressaltado que é preciso fazer mais esforços, especialmente no combate à pobreza.

 

A mexicana Alicia Bárcena, secretária executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe da ONU (Cepal), detalhou como as áreas naturais protegidas cresceram 120% entre 1990 e 2005 e já representam 21,1% da superfície total da América Latina.

 

Segundo Bárcena, um dos aspectos que registrou maio avanço foi no cumprimento do Protocolo de Montreal, em vigor desde 1989, destinado a eliminar as substâncias destruidoras da camada de ozônio, principalmente das conhecidas como os clorofluorcarbono (CFCs). 

 

Esses gases nocivos foram reduzidos em 85%, com o que foi possível expandir o acesso à água potável (10%), 92% dos latino-americanos e caribenhos têm o bem em casa.

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Também cresceram (17%) os serviços de águas e esgoto, com os quais agora contam 84% da população.

 

Nestes dois últimos, a situação no campo é pior do que a nas cidades, com 80% dos habitantes com acesso à água e 67% com esgotos adequados. 

 

Para o futuro, Bárcena citou como desafio frear a redução das florestas, cuja destruição avança a uma taxa média no mundo de 3%, mas na América Latina e no Caribe o percentual é de 6,97%.

 

Deste desmatamento 86% foi registrado na Amazônia e, embora no Chile e no Uruguai tenham sido registrados reflorestamentos "através de plantações industriais em larga escala, estas não podem substituir as funções ecológicas e de proteção da biodiversidade das florestas naturais que foram eliminadas", indica o relatório.

 

Positivo do ponto de vista ambiental é que em 15 anos foi possível reduzir 31% da população que vive em áreas inabitáveis, mas ainda existem 100 milhões nestas condições. 

 

Quanto às emissões de gases, a secretária executiva da Cepal reconheceu que a América Latina "não é uma grande emissora", com menos de 12% das emissões mundiais, mas alertou para as consequências da mudança de uso de solo, com menos áreas florestais e mais espaços dedicados à agricultura e à habitação. 

 

Apesar das emissões totais crescerem 40,8% na América Latina, em termos de CO2 por cada dólar do Produto Interno Bruto (PIB), registrou-se uma queda de 14,29% no período de referência, o que é positivo, segundo Bárcena.

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No mesmo ato, o secretário do Meio Ambiente do México, Juan Rafael Elvira Quesada, em nome do país sede da próxima Cúpula sobre Mudança Climática (COP16), que ocorrerá em Cancún, disse que o desmatamento "é um problema relacionado diretamente com o nível de pobreza".

 

O ministro considerou que a solução é implantar programas de desenvolvimento social e acrescentou que pagar as pessoas que vivem nas florestas e selvas para mantê-los "é uma das melhores soluções", e com a qual os países desenvolvidos deveriam colaborar.

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