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América Latina pede acordo climático justo

Apesar disso, presidentes latinos que discursaram na plenária hoje mostraram discursos antagônicos

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Por Redação
Atualização:

Os líderes latino-americanos defenderam hoje na Cúpula da ONU sobre a Mudança Climática (COP15), em Copenhague, um acordo ambicioso e justo sobre o tema, em um dia marcado pelo antagonismo das propostas apresentadas.

 

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Em um discurso recheado de reivindicações, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou um caminho intermediário entre a dureza da postura de seu colega boliviano, Evo Morales, e a vontade de superar as diferenças entre países ricos e emergentes manifestada pelos governantes do México, Felipe Calderón, e da Colômbia, Álvaro Uribe. Em sua fala, Lula advertiu que a COP15 "não é um jogo onde se possa esconder cartas na manga". 

 

"A hora de agir é esta. O veredicto da história não poupará os que faltarem com as suas responsabilidades neste momento", afirmou o presidente. Lula defendeu o Protocolo de Kioto, que estabelece cortes nas emissões de gás carbônico (CO2) para 37 países ricos e que serve de base para as negociações em Copenhague, considerando-o "absolutamente necessário" e avisando que "não pode ser substituído por instrumento menos exigente". 

 

Para o presidente, a mitigação das emissões de gases causadores do efeito estufa nos países em desenvolvimento é importante, mas a adaptação aos efeitos da mudança climática é um "desafio prioritário" que não pode ser encarada sem que as nações ricas forneçam a ajuda econômica e tecnológica necessárias, ideia também defendida por Uribe. 

 

Morales se afastou da visão de seus colegas latino-americanos. Culpou o capitalismo e sua "cultura da morte" pelo aquecimento global e reivindicou um novo modelo econômico como única forma de salvar o planeta.

 

Com um discurso distante do de seu colega boliviano, Felipe Calderón abriu a sessão de hoje no plenário de alto nível pedindo um "acordo ambicioso" de redução de emissões poluentes que possa se transformar em um tratado com valor jurídico dentro de um ano, quando o México será a sede da próxima Cúpula da ONU sobre a Mudança Climática. 

 

Calderón pediu que "todos os países cumpram com sua parte" na luta contra a mudança climática e expressou sua "preocupação" com a possibilidade de que a COP15 tenha se tornado um confronto entre nações ricas e em desenvolvimento. "Não se trata aqui de como fechar a brecha que separa ricos e pobres, mas a que existe entre o homem e a natureza, que vai em prejuízo da sobrevivência da civilização", apontou.

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Em um tom similar, Álvaro Uribe pediu a superação das "diferenças ideológicas" entre as duas partes para adotar "ações sérias" e não uma declaração "retórica". "A absoluta necessidade de conseguir um acordo e as obrigações coerentes não são apenas uma matéria de discussão ideológica, mas algo absolutamente vital para salvar o planeta que queremos entregar às novas gerações", afirmou o presidente colombiano. 

 

O debate sobre a quantia de dinheiro a ser destinada para o combate à mudança climática, motivo de discórdia na cúpula de Copenhague, foi chamado de "ofensa contra a Humanidade" por Morales, que falou sobre "libertar a Mãe Terra da escravidão" imposta pelo capitalismo. 

 

Seguindo a linha de Morales, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, acusou ontem em seu discurso em Copenhague os países ricos de "irresponsabilidade e falta de vontade política" para chegar a um acordo, afirmando que o "destrutivo modelo capitalista está erradicando a vida".

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