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Ameaçadas pelo mar, ilhas pedem redução profunda no CO2

Por ALISTER DOYLE e
Atualização:

Pequenos Estados insulares elevaram o tom dos seus apelos para que os países ricos façam cortes profundos nas emissões de gases do efeito estufa, alertando para o risco de extinção de atóis de baixa altitude. Uma aliança de 43 Estados insulares, com apoio de mais de 12 países da África e da América Latina, pediu na quinta-feira aos países desenvolvidos durante as negociações climáticas da ONU em Bonn que reduzam suas emissões até 2020 em pelo menos 45 por cento abaixo dos níveis de 1990. "As descobertas científicas sobre a mudança climática são assustadoras", disse à Reuters M.J. Mace, consultor jurídico da Micronésia, responsável por apresentar o apelo à conferência da ONU, que vai de 29 de março a 8 de abril. No mês passado, um grupo de cientistas previu uma aceleração do aumento dos mares neste século, que ficaria em cerca de 1 metro, praticamente o dobro das projeções apresentadas pelo Painel Climático da ONU em 2007. Em dezembro de 2009, na conferência climática de Poznan (Polônia), as ilhas haviam defendido uma redução de "mais de 40 por cento" nas emissões de gases do efeito estufa (principalmente o dióxido de carbono, ou CO2) pelos países industrializados. "Por que os pequenos Estados insulares ficariam felizes com um nível de ambição que irá destruir seus países?", disse Mace. Em muitas ilhas do Pacífico, do Caribe e do Índico, as altitudes máximas são de poucos metros acima do nível do mar. O avanço do oceano, portanto, cobriria grande parte dos escassos territórios dos países numa lista que vai de Antigua a Vanuatu. Muitos outros países, como China e Índia, defenderam em Bonn uma redução de pelo menos 40 por cento nas emissões dos países ricos. Entre os países que apoiaram o apelo das ilhas estão Quênia, Tanzânia, Argentina e Peru. Mas as propostas levadas à conferência ficam bem aquém das metas aceitas pelos países desenvolvidos. O governo dos EUA, por exemplo, planeja reduzir as emissões até 2020 para o mesmo nível de 1990, o que representaria um corte de cerca de 16 por cento sobre os níveis atuais. A União Europeia aceita reduzir suas emissões de 2020 para 20 por cento abaixo do nível de 1990, ou para 30 por cento se outros países desenvolvidos seguirem seu exemplo. O Painel Climático da ONU diz que as nações desenvolvidas teriam de reduzir suas emissões em 25 a 40 por cento em relação a 1990 para evitar os piores efeitos da mudança climática, "Achamos que a faixa de 25 a 40 por cento insuficiente", disse Mace, que defendeu que até 2050 a redução das emissões nos países ricos atinja 95 por cento em comparação com os níveis de 1990. "Temos ouvido as palavras 'realista' e 'pragmático' aqui (nas discussões de Bonn)", afirmou ele. "Vejamos pelo outro lado: o que é realista e pragmático para esses pequenos países insulares?"

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