Amazônia teve mais florestas regeneradas que áreas desmatadas entre 2008 e 2012

No período, 113 mil quilômetros quadrados foram recuperados, quase duas vezes mais que o total desmatado

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Por Fabio de Castro
Atualização:

Atualizada às 20h15

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SÃO PAULO - A Amazônia teve cerca de 113 mil quilômetros quadrados de florestas regeneradas entre 2008 e 2012 - uma área duas vezes e meia maior que o total desmatado na região no mesmo período, que foi de 44 mil quilômetros quadrados. Os dados são do projeto TerraClass, que mapeia o uso das terras desflorestadas na região amazônica. 

Coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o projeto teve os resultados de 2012 divulgados nesta quarta-feira, 26, em Brasília, pelos ministros da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Clelio Campolina Diniz, e do Meio Ambiente (MMA), Izabella Teixeira. O TerraClass qualifica as áreas mapeadas pelo Prodes, sistema do Inpe que contabiliza anualmente o desmate por corte raso na Amazônia Legal com base em imagens de satélites. 

Área desmatada na Amazônia Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

De acordo com o relatório, as áreas de pastagem respondem por aproximadamente 60% do uso das terras desmatadas na Amazônia brasileira. As áreas em regeneração - onde há crescimento de vegetação secundaria - correspondem a 23% do total, enquanto a agricultura está relacionada a 6%. Segundo o MMA, as plantações atualmente estão avançando sobre locais onde havia pastagens, por isso a atividade agrícola é responsável por apenas 2% dos desmatamentos recentes na região.

O TerraClass 2012 mapeou 751 mil km2, o que corresponde ao total do desmatamento desde o ano 1988 até 2012. A área mapeada em 2012 teve um aumento de 43,5 mil km2 em comparação com o primeiro relatório, referente a 2008. Dos desflorestamentos ocorridos desde 2008 até 2012, 17.515 km2 tornaram-se pastagem (63%), 5.424 km2 vegetação secundária (19%) e 513 km2 agricultura (2%).

O porcentual de área ocupada por pastagens apresentou uma pequena redução, mantendo-se nos três anos mapeados (2008, 2010 e 2012) próximo de 60%. A área ocupada desta classe em 2008 era de 447 mil km2, tornando-se 443 mil km2 em 2012. Os estados do Acre, Rondônia e Tocantins são os que, porcentualmente, mais destinam as áreas desmatadas para pastagem, com mais de 70% convertido para este tipo de uso. As áreas de pastagens são as que mais cederam espaço para agricultura ou para vegetação secundária. Os setores com maior aumento de 2008 a 2012 foram mineração e área urbana - com crescimento de 7,5% e 6,9%, respectivamente. 

Também ocorreu um aumento da área de agricultura anual, passando de 35 mil km2 em 2008 para 42 mil km2 em 2012, representando uma taxa média de crescimento da ordem de 4%. Cerca de 70% das áreas agora mapeadas como agricultura já apresentavam este uso em 2008 - 12 mil km2 foram convertidos para agricultura entre 2008 e 2012. Destes, a expansão agrícola ocorreu quase que exclusivamente sobre áreas de pastagem (80%) e de vegetação secundária (9%).

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