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Acordo sobre carbono será 'muito difícil', diz ONU

Por GERARD WYNN
Atualização:

Será difícil convencer os países ricos a definirem reduções nas emissões de gases do efeito estufa que sejam suficientes para garantir as exigências dos países em desenvolvimento nas negociações deste ano, disse na segunda-feira o chefe de assuntos climáticos da ONU. Cerca de 175 países estão reunidos nesta semana em Bonn para uma série de discussões preliminares. O novo tratado climático, que substituirá o Protocolo de Kyoto depois de 2012, deve ser concluído até a reunião de dezembro em Copenhague. A expectativa é de que os países pobres só aceitarão tomar medidas drásticas contra as suas emissões de gases do efeito estufa se as nações desenvolvidas aceitarem cortes profundos nas suas emissões até 2020. Questionado sobre se descartava um acordo a respeito da faixa mais citada para o corte das emissões, Yvo de Boer disse: "Não estou descartando, mas estou dizendo que seria muito difícil. Se você olhar as ofertas que estão sobre a mesa no momento, elas estão distantes daquela faixa." O Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática (IPCC) disse em 2007 que uma redução de 25-40 por cento nas emissões dos países desenvolvidos até 2020 (em comparação aos níveis de 1990), junto com uma ação substancial dos países em desenvolvimento, poderia limitar o aumento da temperatura média do planeta a cerca de 2C, o que alguns governos consideram ser o limite para uma mudança perigosa. Só as propostas da União Europeia se aproximam disso, com reduções de 30 por cento nas suas emissões caso outros governos sigam o exemplo. O presidente dos EUA, Barack Obama, propôs durante sua campanha eleitoral uma volta aos mesmos níveis de emissões de 1990. "Isso está muito distante de -25 por cento, para não falar em -40 por cento", disse De Boer sobre a meta de Obama. Na semana passada, países em desenvolvimento levaram a Bonn metas ainda mais ambiciosas. China e Índia disseram que até 2020 os países desenvolvidos deveriam reduzir suas emissões em pelo menos 40 por cento sobre os níveis de 1990. Uma aliança de 43 países insulares, com apoio de mais de 12 países da África e América Latina, cobrou cortes de pelo menos 45 por cento. Cálculos publicados na segunda-feira pelo Greenpeace mostram que na média os países desenvolvidos propõem cortes de 4-14 por cento sobre os níveis de 1990. Grupos ambientalistas e de desenvolvimento defendem no encontro de Bonn que haja medidas mais incisivas, alegando que o descontrole climático poderá provocar sofrimentos humanos ainda piores que os da atual crise financeira.

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