Os policiais queimaram sete embarcações, grande quantidade de redes de pesca e material variado em acampamentos abandonados às pressas pelos tartarugueiros. Sete deles foram presos, mas já estão soltos, após pagamento de fiança no valor de 1 salário mínimo.A expedição partiu de Boa Vista em embarcação utilizada por pesquisadores, jamais por fiscais e policiais. A intenção era manter sigilo, já que a presença de grupos de fiscalização costuma ser rapidamente disseminada ao longo do Rio Branco. A estratégia foi vitoriosa. Os tartarugueiros foram surpreendidos em vários trechos ribeirinhos, na altura dos municípios de Caracaraí e Rorainópolis, em margens opostas do rio. São áreas no sul de Roraima, quase na divisa com o Amazonas, que deveriam ser de acesso restrito, pois banham dois santuários naturais, o Parque Nacional do Viruá e a Estação Ecológica de Caracaraí. Batizada de Operação Pimenta - homenagem a José Santos, o Zé Pimenta, um estudioso dos quelônios da Amazônia, assassinado em 2006 por tartarugueiros -, a ação foi realizada em duas etapas. A última delas, de oito dias, terminou anteontem. ExtinçãoChefe do grupo de policiais que percorreu o Baixo Rio Branco, o delegado Alexandre Saraiva, superintendente da PF no Estado, previu que, no ritmo atual da caça clandestina, a tartaruga-da-amazônia estará extinta naquela região em, no máximo, 20 anos. Nas redes de malha grossa, os "capa-sacos", também ficam presos botos e peixes maiores, o que torna a mortandade ainda maior. "A tartaruga-da-amazônia e o tracajá são espécies condenadas, pois os caçadores pegam, além dos animais, os ovos, para consumo próprio. Recolhemos 700 ovos nos acampamentos dos criminosos. Aquilo é terra de ninguém", declarou o delegado. Nesta época do ano, as tartarugas estão "assoalhando", expressão empregada na região para designar a procura dos melhores bancos de areia, os tabuleiros, para desovar. Daí a facilidade com que os caçadores localizam os ovos, já que as desovas ocorrem nos tabuleiros mais altos, escolhidos pelos animais por ficarem mais longe da água.