Essa foto me fez lembrar outras cenas, de minha autoria, feitas também nas margens do rio Pinheiros, no início do ano. Haviam me pedido para fotografar justamente a ciclovia da Marginal para um especial de aniversário de São Paulo.
Já tinha feito as imagens para a pauta, quando algumas capivaras me chamaram a atenção. Uma em particular estava muito especial, três "bem te vis" ou Pitangus sulphuratu, é esse seu nome científico, estavam em seu dorso, provavelmente caçando carrapatos ou outra iguaria. Uma composição ali que me fazia esquecer que estava no "meio da cidade". Mais para frente da ciclovia, outra surpresa, uma família inteira de capivaras atravessava a via.
Além das capivaras, vi também uma bela revoada de garças.
Estava indo embora já muito satisfeito com as descobertas, quando fui dar uma última observada no rio, eis que me deparo com uma planta que nunca havia visto antes. Em meio ao cheiro fétido, muito lixo, e um lodo acinzentado, como que ignorando toda esse "ambiente inóspito" uma lindíssima folhagem, semelhante à uma taioba, mas com uma flor branca de incrível beleza.
Pedi a ajuda preciosa para identificar a planta para o botânico Ricardo Cardim. Trata-se da Sagittaria montevidensis, ou popularmente denominada Aguapé de Flecha, uma planta que se adapta bem a ambientes de extrema poluição, infelizmente, caso do nosso rio.
Essas imagens todas mostram o quanto de vida e esperança existem para nossa natureza urbana. Não podemos mais ignorar nossos rios, árvores e animais como estamos fazendo há tantas décadas.