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Reflexões ambientais

Governo federal comemora a insustentabilidade ambiental

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Por Dener Giovanini
Atualização:

O início dessa semana foi de muita comemoração entre os membros da área econômica do governo federal. Com pompa, sorrisos e entusiasmo, foi anunciado um recorde histórico na venda de carros novos: 420 mil veículos deixaram os pátios das montadoras e ganharam as ruas no mês de agosto. Nunca se vendeu tanto num único mês. A festa das montadoras foi patrocinada pela equipe econômica através da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

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Essa situação, ao contrário do que faz o governo, deveria ser recebida com tristeza e decepção pela sociedade brasileira. Decepção pela contradição entre o discurso e a prática que impera no Palácio do Planalto. O governo usa, cada vez mais, a palavra sustentabilidade para reafirmar o seu compromisso com as questões ambientais e, ao mesmo tempo, reforça a sua opção por um modelo econômico que privilegia o consumo desenfreado e a queda na qualidade de vida da sociedade brasileira. A sensação de tristeza fica por conta de uma política governamental que prioriza o indivíduo sobre o coletivo.

Meio milhão de carros a mais nas ruas, em apenas um mês, significa mais caos no trânsito das grandes cidades. Significa mais transtornos para uma população que assiste a deterioração do sistema público de transporte. Significa mais poluição ambiental e o consequente aumento das doenças respiratórias. Significa a opção pela matriz predatória dos combustíveis fósseis e a inevitável depredação ambiental.

Então, por que tanta comemoração por parte do governo federal? Será que, no fundo, eles estão comemorando o fato de ninguém reclamar de um governo, que reduz impostos para meia dúzia de ricas montadoras venderem mais e, assim, aumentarem os seus lucros bilionários?

Sei não, mas acho que está faltando uma CPI nessa festa.

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