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Trump diz que 'tem mente aberta' sobre acordo do clima de Paris

Em entrevista exclusiva ao “The New York Times”, o presidente eleito dos Estados Unidos dá pela primeira vez sinais menos extremistas sobre o aquecimento global

Por Giovana Girardi
Atualização:

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, fez nesta terça-feira (22) uma primeira sinalização de que pode estar reavaliando suas posições sobre aquecimento global. Em entrevista a jornalistas do The New York Times, afirmou que está com a "mente aberta" sobre o Acordo de Paris, fechado por 196 países no ano passado e que estabelece esforços mundiais contra o problema.

Trump em discurso após a vitória: Washington Post / Ricky Carioti Foto: Estadão

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A declaração sozinha pode não querer dizer muito, mas é uma mudança em relação a campanha. Enquanto candidato, Trump disse diversas vezes que se eleito retiraria o país do acordo e sempre se mostrou um negacionista do aquecimento global, dizendo se tratar de um boato "lançado por chineses para tornar a manufatura americana não competitiva".

Questionado por Tom Friedman, veterano colunista do jornal ligado a questões ambientais, sobre se vai sair do compromisso de Paris, Trump respondeu: "Eu estou olhando a questão muito de perto. Tenho a mente aberta sobre isso."

Na sequência, indagado sobre se acredita que atividades humanas estão ligadas às mudanças climáticas, afirmou que acha que há "alguma conectividade". "Algo, alguma coisa, depende de quanto." Para em seguida complementar que também está pensando sobre "quanto vai custar para nossas companhias e no efeito sobre a competitividade americana". As declarações foram compartilhadas pelos repórteres do jornal americano via twitter.

Marrakesh. As ameaças de Trump dominaram as discussões nas duas semanas da Conferência do Clima da ONU, que ocorreu em Marrakesh até as primeiras horas do último sábado (19). O risco de o segundo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo sair o acordo causou o temor de que os esforços mundiais poderiam ir por água abaixo - tanto porque as emissões do país deixariam de cair (ou poderiam voltar a subir) quanto porque outros países poderiam, eventualmente, abandonar o barco também.

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O efeito, ao menos em Marrakesh, porém, foi de união. Nos dias que se seguiram à eleição, houve uma onda de declarações políticas em que vários países - China e Brasil, inclusive - reafirmaram seus compromissos com a ação climática para conter o aquecimento do planeta a bem menos de 2°C até o final do século. Até o fim da cúpula ninguém disse que deixaria o acordo se os EUA o fizerem

Chefes de Estado, como François Hollande (França), fizeram fortes discursos chamando Trump à responsabilidade de não abandonar o combate às mudanças climáticas. "Não é apenas o dever deles (EUA), mas é também do interesse deles e do interesse da população americana afetada pelas mudanças climáticas, porque nenhum país pode ser blindado contra as mudanças climáticas", declarou. "Não se trai uma promessa de esperança", disse.

O secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, assim como especialistas em clima e negociadores apostaram no senso empresarial do presidente eleito em não perder as oportunidades de negócios e de empregos que são oferecidas pelas energias renováveis. Eles apostavam que os mecanismos de mercado vão falar mais alto.

No discurso mais emotivo da cúpula, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, passou um recado a Trump: "Ninguém tem o direito de tomar decisões que podem afetar bilhões de pessoas baseado somente em ideologia".

Como Trump parece ter mudado de opinião sobre outros temas desde que foi eleito, vai que o aquecimento global também entra nesse balaio? /COM NYT

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